UOL

São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOGO AMIGO

Ele vai para Roma sábado

Itamar cobra de Lula mudanças de "rumo"

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ex-governador de Minas Gerais Itamar Franco, 73, que finalmente vai assumir seu posto como embaixador do Brasil na Itália, defendeu mudanças nas políticas econômica e social implementadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual vai servir a partir de segunda-feira.
Ao se despedir de amigos em Belo Horizonte, ele criticou os juros altos e disse que, se o país não voltar a crescer e for mantida a atual relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto), os Estados "não vão aguentar".
Mesmo procurando conter o tom de crítica e afirmando que acredita que o governo vai "encontrar rapidamente" o rumo -"porque, se não encontrar, vai ser uma decepção"-, Itamar citou uma frase do então candidato Lula, em campanha na Grande São Paulo, num evento do qual o ex-governador participou, para balizar suas cobranças.
A frase de Lula, que, segundo Itamar, foi dita sob chuva e às lágrimas, foi: "Eu não costumo deixar meus amigos nos desvios".
"O que eu gostaria que acontecesse com o presidente Lula, neste momento em que eu deixo o Brasil -espero que por poucos meses- é que ele jamais esqueça essa frase, que ele jamais deixe os brasileiros nos desvios."
O ex-governador mineiro prosseguiu: "Para que não deixe os brasileiros nos desvios, ele terá que alterar sua política de ordem econômica, a sua política de ordem social. Porque não é essa a política econômica que nós gostaríamos de ver implementada no país, em relação aos juros, em relação a tudo aquilo que, socialmente, nós, desde a primeira hora, lutamos ao lado dele".
"Se este país não crescer, o desemprego vai aumentar e o problema social vai se agravar. É aquela frase: "Eu não deixo ninguém nos desvios". Que ele não deixe a nação brasileira nos desvios. Não nos desvios apenas de ordem econômica e social, mas sobretudo no desvio da ordem democrática", declarou Itamar.
Ele embarca no sábado para Roma, quatro meses após o Senado ter aprovado seu nome para ser embaixador na Itália por um placar apertado: 29 votos a favor, 25 contra e duas abstenções.
Por esse motivo, ele se disse magoado e ameaçou não assumir o posto. Mas o governo Lula interveio e Itamar voltou atrás.


Texto Anterior: Janio de Freitas: Os privilegiados
Próximo Texto: Tensão social: Alckmin quer cobrar por terras devolutas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.