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FOGO AMIGO
Ele vai para Roma sábado
Itamar cobra de Lula mudanças de "rumo"
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O ex-governador de Minas Gerais Itamar Franco, 73, que finalmente vai assumir seu posto como embaixador do Brasil na Itália, defendeu mudanças nas políticas econômica e social implementadas pelo governo de Luiz
Inácio Lula da Silva, ao qual vai
servir a partir de segunda-feira.
Ao se despedir de amigos em
Belo Horizonte, ele criticou os juros altos e disse que, se o país não
voltar a crescer e for mantida a
atual relação dívida/PIB (Produto
Interno Bruto), os Estados "não
vão aguentar".
Mesmo procurando conter o
tom de crítica e afirmando que
acredita que o governo vai "encontrar rapidamente" o rumo
-"porque, se não encontrar, vai
ser uma decepção"-, Itamar citou uma frase do então candidato
Lula, em campanha na Grande
São Paulo, num evento do qual o
ex-governador participou, para
balizar suas cobranças.
A frase de Lula, que, segundo
Itamar, foi dita sob chuva e às lágrimas, foi: "Eu não costumo deixar meus amigos nos desvios".
"O que eu gostaria que acontecesse com o presidente Lula, neste
momento em que eu deixo o Brasil -espero que por poucos meses- é que ele jamais esqueça essa frase, que ele jamais deixe os
brasileiros nos desvios."
O ex-governador mineiro prosseguiu: "Para que não deixe os
brasileiros nos desvios, ele terá
que alterar sua política de ordem
econômica, a sua política de ordem social. Porque não é essa a
política econômica que nós gostaríamos de ver implementada no
país, em relação aos juros, em relação a tudo aquilo que, socialmente, nós, desde a primeira hora, lutamos ao lado dele".
"Se este país não crescer, o desemprego vai aumentar e o problema social vai se agravar. É
aquela frase: "Eu não deixo ninguém nos desvios". Que ele não
deixe a nação brasileira nos desvios. Não nos desvios apenas de
ordem econômica e social, mas
sobretudo no desvio da ordem
democrática", declarou Itamar.
Ele embarca no sábado para Roma, quatro meses após o Senado
ter aprovado seu nome para ser
embaixador na Itália por um placar apertado: 29 votos a favor, 25
contra e duas abstenções.
Por esse motivo, ele se disse magoado e ameaçou não assumir o
posto. Mas o governo Lula interveio e Itamar voltou atrás.
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