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TENSÃO SOCIAL
Governo paulista encaminha projeto de lei que visa regularizar situação de fazendas da região do Pontal
Alckmin quer cobrar por terras devolutas
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), terminou
na semana passada e deve encaminhar nesta semana à Assembléia Legislativa o projeto de lei
que regulariza a posse de áreas devolutas de até 500 hectares na região do Pontal do Paranapanema,
o principal foco de conflito agrário do Estado.
O projeto propõe que os fazendeiros paguem, em até três anos,
de 10% a 15% do valor real da terra nua (sem benfeitorias), que será avaliada pelo Itesp (Fundação
Instituto de Terras).
De acordo com a proposta do
governo, o dinheiro arrecadado
será dividido entre os agricultores
assentados e as prefeituras da região. O governo espera arrecadar
R$ 20 milhões com a regularização das áreas.
Segundo o secretário da Justiça
de São Paulo, Alexandre de Moraes, as propriedades de até 500
hectares representam 20% das
terras com indícios de serem devolutas na região, ou seja, áreas
que pertenciam ao Estado e que
foram griladas ainda no século 19.
Representam também 80% dos
fazendeiros do Pontal.
Se o projeto for aprovado conforme a proposta do governo,
metade do valor arrecadado será
investido em infra-estrutura nos
assentamentos e a outra metade
será usada na criação de um fundo de desenvolvimento da região
do Pontal.
"Todo o dinheiro arrecadado
com essa regularização será aplicado na região: 50% do dinheiro
será para o Itesp aplicar em assentamentos e os outros 50% para
auxiliar os municípios que tenham assentamentos", afirmou
Moraes.
Prefeitos
"O projeto vai dar uma pacificada grande na região porque atende tanto aos sem-terra quanto aos
ruralistas", disse o prefeito de Presidente Epitácio, Adhemar Dassie
(PSDB). O município tem cinco
assentamentos e cerca de 24 mil
sem-terra acampados.
Dos 32 prefeitos da região do
Pontal, apenas o prefeito de Presidente Prudente, Agripino Maia
(PTB), tem divergências em relação ao projeto.
Segundo a assessoria do prefeito, ele já se manifestou sobre o assunto e defende que o projeto de
lei regularize propriedades com
até 500 alqueires, o equivalente a
1.210 hectares.
Ruralistas aprovam o projeto.
Para Almir Guedes Soriano, presidente do Sindicato Rural de Presidente Venceslau, um percentual
entre 10% e 15% do valor da terra
nua, com prazo para pagamento
de três anos, "pode ser um proposta aceitável, já que nenhum
proprietário rural suporta mais o
clima de tensão na região".
Representantes dos fazendeiros
apresentaram ao secretário de
Justiça, em uma reunião em 17 de
junho, uma contraproposta ao
projeto de lei em que sugeriam o
limite de 500 alqueires para a regularização por meio de pagamento em dinheiro e que o preço
pago fosse o calculado pelo ITR
(Imposto Territorial Rural), inferior ao valor de mercado.
Segundo o secretário, o que interessa ao governo de São Paulo é
arrecadar terras para a reforma
agrária. Propriedades de até 500
hectares, o percentual de terras
que seriam "devolvidas" ao Estado, não seriam suficientes para
viabilizar um assentamento
-por isso, o pagamento em dinheiro.
Já com terras acima de 500 hectares, é possível fazer com 25%
disso (ao menos 125 hectares)
uma divisão e, ainda assim, manter lotes suficientes para um assentamento.
Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência
Folha, em Londrina
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