FRANÇA Em entrevista ao jornal "Le Monde", prevista para ser publicada hoje, o historiador Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, citou a derrubada do presidente chileno Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, para dizer que "um projeto de transformação política precisa de um sistema de alianças forte".
Garcia estava em Santiago no dia em que o palácio presidencial foi bombardeado e o general Augusto Pinochet assumiu o poder, depois que Allende se suicidou.
O assessor de Lula afirmou também que acha prematuro especular sobre uma aliança entre PT e PSDB para as eleições municipais de 2004, que, segundo o jornal francês, seria desejada pelo filósofo José Arthur Giannotti, amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Procurado pela Folha, o filósofo negou.
"Visto que o PT se bandeou para o centro da social-democracia, haverá uma convergência ideológica entre o PT e o PSDB", disse Giannotti, ressalvando que essa convergência, no entanto, "deve ser feita pela disputa, cada um procurando aglutinar suas próprias forças".
Segundo Giannotti, a "aliança tácita" que possibilitou a aprovação das reformas é prova dessa convergência ideológica.
Os dois intelectuais situam o seu grupo político na esquerda do espectro ideológico. Garcia disse ao "Monde" que "o governo Lula não é de centro-esquerda, mas de esquerda e de centro. É o PT que dá o "lá'". Já Giannotti lembra que "nem o presidente Lula é mais de esquerda", em referência à frase dita por Lula dias atrás negando que fosse esquerdista. O filósofo acrescenta que ele ainda se considera como tal.