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GOVERNO
Presidente diz que o fato ruim de ter perdido muitas eleições é ter feito muitas promessas; "agora tenho que cumprir"
Lula critica políticos que "brigam" por cargos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva mandou um recado ontem, durante uma cerimônia no
Palácio do Planalto, aos políticos
que "brigam" por cargos.
Lula disse estar acostumado a
ver pessoas brigarem por cargos.
"Eu estou acostumado na minha
vida às pessoas brigarem tanto
para ser alguma coisa. Depois que
o são, não exercem, no cargo, 10%
da energia utilizada para brigar.
Isso acontece muito nos partidos,
nos sindicatos, acontece muito no
movimento social". Segundo o
presidente, "as pessoas brigam,
fazem guerra", mas, "quando assumem o posto, nunca mais aparecem. Ou seja, aparecem na próxima reunião para brigar outra
vez para continuar [no cargo]".
O presidente discursou na cerimônia de reinstalação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. A frase sobre os cargos foi
dita quando ele disse que o conselho precisava funcionar de fato.
Lula citou em dois momentos o
fato de ter perdido eleições (foi
derrotado nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998): "Como
eu perdi muitas eleições no Brasil,
todos vocês que participaram, em
algum momento, seja como reitor
de universidade, seja como membro da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência],
sabem que tenho compromissos
assumidos por escrito".
Lula disse aos cientistas presentes que agora é a hora de cobrar a
realização dessas promessas. "É
só pegar e cobrar, porque agora
eu não posso mais fazer promessa, agora tenho que cumprir".
Disse que "o fato ruim de perder
muitas eleições é porque se assumem muitos compromissos".
Mas ressaltou que a possibilidade de cumprir o prometido é o
que mais o alegra no cargo: "Eu
acho que a coisa que mais me fez,
de vez em quando, detectar a minha alegria de ter sido eleito presidente da República, é poder colocar em prática as coisas que a gente sonha e que a gente acredita ser
possível. Esse é o grande desafio".
Lula revelou que, quando decidiu se candidatar ao governo de
São Paulo, em 1982, foi perguntado sobre sua motivação. "Eu disse: quero ser candidato a governador porque quero ver se sou capaz
de atender a todas as reivindicações que eu faço para os outros.
Eu acho que esse é o desafio mais
extraordinário de alguém que governa". Para ele, "[governar] é poder colocar em prática aquilo que
você acredita que é possível colocar em prática, nem sempre com
a facilidade do discurso, porque
há muitas barreiras na frente".
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