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CASO MALUF
Uso de algemas e presença de jornalista entre policiais são questionados
PF irá apurar abusos durante operação que prendeu Flávio
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, informou ontem que irá determinar
a abertura de um procedimento
interno para apurar se houve irregularidades e constrangimento
ilegal no momento da prisão de
Flávio Maluf, filho do ex-prefeito
Paulo Maluf (PP).
No momento em que Flávio foi
algemado, na manhã de sábado, o
jornalista da TV Globo César Tralli filmava a cena. Usava um boné
preto, colete e calça beges e óculos
escuros -trajes que o levaram a
ser confundido com os demais
policias da PF pelo réu e por seu
advogado, José Roberto Batochio.
A ordem de prisão do ex-prefeito e de Flávio foi decretada na noite de sexta-feira. Os advogados
dos Maluf, antes de terem acesso à
ordem de prisão, negociaram que
os dois se entregariam espontaneamente, sem a necessidade de
uma operação policial.
A responsabilidade pela operação que culminou com a prisão
dos Maluf, informou a PF, era do
delegado Protógenes Queiroz.
Por meio de sua assessoria, Lacerda disse que as circunstâncias
serão apuradas, desde a presença
de um jornalista em local de ação
da PF até o transporte dele em
carro da polícia. Tralli foi do heliporto, onde Flávio foi algemado,
até a sede da PF dentro de um dos
carros do comboio policial.
Maluf chegou à sede da PF por
volta das 0h20 de sábado. Flávio,
que estava em uma fazenda em
Dourado, a 278 km de São Paulo,
havia prometido entregar-se pela
manhã, por volta das 7h, no heliponto do Morumbi.
Ainda na fazenda, às 5h, Flávio
foi abordado por agentes da PF,
que viajaram com ele para São
Paulo. Ao descer do helicóptero,
Flávio foi abordado pelo jornalista que, disfarçado entre os policiais, portava uma câmera de vídeo nas mãos.
"E essa filmagem?" perguntou
Flávio, sem obter resposta. Quando ele se dirigia para o carro da
polícia, sempre sendo filmado,
veio a ordem das algemas. "Isso
não foi o combinado", protestou
Flávio. "Agora você é um preso da
Polícia Federal. Este é o nosso padrão", informou um policial.
Após ser colocado no banco de
trás do carro da polícia, Flávio ensaiou uma tentativa de fechar a
porta, mas não conseguiu.
"O senhor pode fechar a porta
para mim?" perguntou Flávio ao
repórter que, ainda com a câmera
no ombro, atendeu ao pedido.
Minutos antes, questionado por
Tralli sobre sua situação, Flávio
disse estar "tranqüilo".
Depois que os carros atravessaram o portão da sede da PF, todos
desceram dos carros, inclusive
Tralli, que se misturou aos policiais. Na ante-sala, o repórter ainda filmou Flávio assinando a ordem de prisão e registrou quando
ele chorou ao falar com a mulher,
Jacqueline, de um telefone na ante-sala da carceragem.
Após manter-se em silêncio
diante das perguntas, Flávio resolveu falar, aconselhado por Batochio. "Fale, será melhor para
você." Foi quando o filho do ex-prefeito disse confiar na Justiça.
Ele negou ter tentado impedir o
depoimento do doleiro Vivaldo
Alves, o Birigüi, à Polícia Federal.
Globo
A direção da TV Globo, por
meio da assessora Mônica Albuquerque, da Central Globo de Comunicação, informou que César
Tralli não estava vestido com roupas da PF. Segundo ela, Tralli vestia camiseta branca e uma jaqueta
preta da marca Hugo Boss.
A emissora disse que Tralli estava no local "fazendo seu trabalho,
como qualquer outro repórter".
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