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Projeto fere Constituição, diz Fazenda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Técnicos do Ministério da Fazenda dizem que a inclusão de
alunos especiais da rede privada
no Fundef contraria o espírito da
emenda constitucional que criou
o fundo e prevê um aumento de
despesas que ainda não foi dimensionado.
Para os técnicos, o projeto aprovado no Congresso é inconstitucional porque a emenda que criou
o Fundef beneficia os Estados
conforme o número de matrículas na rede pública.
Além disso, o ensino deve ser
regular e do nível fundamental.
Várias escolas privadas que atendem a alunos especiais não oferecem ensino regular.
Os alunos especiais que estudam na rede pública teriam sido
incluídos no Fundef em 99. A Folha apurou que o parecer contrário à aprovação do projeto de lei
foi escrito com a colaboração do
Ministério da Educação.
Os técnicos do Ministério da Fazenda disseram que também houve uma preocupação em relação
ao aumento do número de matrículas de alunos especiais após a
sanção da lei.
Quando o Fundef foi criado
houve uma "explosão" de matrículas na rede pública porque o governo passou a fazer uma pesquisa mais apurada desse número.
Portanto, a estimativa de que a
União teria uma despesa de apenas R$ 8,7 milhões com as novas
matrículas pode não estar refletindo a realidade. E, pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, o governo teria que ter dados mais confiáveis para aprovar uma despesa
permanente.
No Ministério da Fazenda, os
técnicos lembram ainda que a renúncia fiscal prevista para as entidades de assistência social em
2004 é de R$ 1 bilhão, quase o dobro dos recursos de todo o Fundef. Essas entidades têm benefícios relacionados ao não-pagamento de contribuição previdenciária e ao Imposto de Renda.
O parecer da Fazenda, porém,
diz que as novas despesas colaborariam para o comprometimento
"das metas de resultados primários positivos estabelecidos na Lei
de Diretrizes Orçamentárias e de
todo o ajuste fiscal perseguido no
processo de regularização das
contas públicas do país".
O Orçamento deste ano tem
despesas de R$ 363 bilhões, e o resultado primário (receitas menos
despesas, exceto juros) previsto é
de R$ 38,2 bilhões. Ou seja, quase
cinco mil vezes maior que o gasto
do projeto. A assessoria do ministro da Fazenda, Antonio Palocci
Filho, não comentou o assunto.
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