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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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Dólares eram de venda de imóveis, diz Norma

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez, desde que Norma Regina Emílio Cunha foi presa pela Polícia Federal no último dia 30, seu advogado justificou ontem a origem dos US$ 550 mil apreendidos no apartamento em que ela morava. Segundo o criminalista Paulo Esteves, a alta quantia é resultado da venda de "duas ou três casas" que Norma teria construído nos Estados Unidos há mais de dez anos.
Além da alta quantia em dinheiro, os agentes da PF que efetuaram a prisão de Norma e fizeram a busca e apreensão no apartamento dela, se surpreenderam ao encontrar dois quilos de ouro. Ex-auditora da Receita Federal, Norma era casada com o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, também preso pela PF.
Os dois são acusados de integrar um grupo de venda de sentença judicial. No total, o Ministério Público Federal denunciou 12 pessoas. Nove estão presas.
As casas nos Estados Unidos foram vendidas, segundo Esteves, há "mais de dez anos". Todos os documentos e contratos imobiliários que podem comprovar a operação, segundo o advogado, foram apreendidos pela PF. "As datas, os compradores e as condições de venda estão todas lá", afirmou o criminalista.
O valor das vendas teria sido recebido de forma parcelada por Norma, que guardou a quantia no cofre do apartamento em que vive com o filho de 12 anos, na praça da República, centro paulistano.
Sobre as fitas do caso Santo André, supostamente apreendidas pela Polícia Federal conforme narrativa do juiz Rocha Mattos, Esteves afirmou não ter confirmação de sua cliente sobre isso.
A PF nega ter apreendido gravações de escutas telefônicas sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel. Foram apreendidas fitas com conversas telefônicas gravadas pela própria Norma.
Após ser informado de uma possível transferência de Norma para a carceragem da PF em Brasília, o advogado Paulo Esteves encaminhou ontem petição à desembargadora Therezinha Cazerta e solicitou a permanência de sua cliente em São Paulo.
Segundo o jornal "O Globo", o possível deslocamento foi cogitado pela Polícia Federal de Brasília, que argumentou que a segurança de Norma estaria comprometida pelo fato de ela dividir a mesma carceragem com pessoas que fizeram ameaças de morte a ela e ao filho de 12 anos.
Em conversa telefônica gravada pela própria Norma e entregue à polícia, o delegado da PF José Augusto Bellini (também preso) teria ameaçado matar o menino, caso ele delatasse o funcionamento da suposta quadrilha.
O advogado de Norma, no entanto, afirmou que sua cliente está "tranquila" e não enfrenta "animosidades" na carceragem. "Ela não quer ser transferida para Brasília. Quer continuar em São Paulo, onde está perto de sua família e de seus advogados", disse Esteves. A desembargadora Cazerta irá analisar o pedido do advogado.


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