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Dólares eram de venda de imóveis, diz Norma
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez, desde que
Norma Regina Emílio Cunha foi
presa pela Polícia Federal no último dia 30, seu advogado justificou ontem a origem dos US$ 550
mil apreendidos no apartamento
em que ela morava. Segundo o
criminalista Paulo Esteves, a alta
quantia é resultado da venda de
"duas ou três casas" que Norma
teria construído nos Estados Unidos há mais de dez anos.
Além da alta quantia em dinheiro, os agentes da PF que efetuaram a prisão de Norma e fizeram
a busca e apreensão no apartamento dela, se surpreenderam ao
encontrar dois quilos de ouro. Ex-auditora da Receita Federal, Norma era casada com o juiz federal
João Carlos da Rocha Mattos,
também preso pela PF.
Os dois são acusados de integrar
um grupo de venda de sentença
judicial. No total, o Ministério Público Federal denunciou 12 pessoas. Nove estão presas.
As casas nos Estados Unidos foram vendidas, segundo Esteves,
há "mais de dez anos". Todos os
documentos e contratos imobiliários que podem comprovar a operação, segundo o advogado, foram apreendidos pela PF. "As datas, os compradores e as condições de venda estão todas lá", afirmou o criminalista.
O valor das vendas teria sido recebido de forma parcelada por
Norma, que guardou a quantia no
cofre do apartamento em que vive
com o filho de 12 anos, na praça
da República, centro paulistano.
Sobre as fitas do caso Santo André, supostamente apreendidas
pela Polícia Federal conforme
narrativa do juiz Rocha Mattos,
Esteves afirmou não ter confirmação de sua cliente sobre isso.
A PF nega ter apreendido gravações de escutas telefônicas sobre o
assassinato do prefeito Celso Daniel. Foram apreendidas fitas com
conversas telefônicas gravadas
pela própria Norma.
Após ser informado de uma
possível transferência de Norma
para a carceragem da PF em Brasília, o advogado Paulo Esteves
encaminhou ontem petição à desembargadora Therezinha Cazerta e solicitou a permanência de
sua cliente em São Paulo.
Segundo o jornal "O Globo", o
possível deslocamento foi cogitado pela Polícia Federal de Brasília,
que argumentou que a segurança
de Norma estaria comprometida
pelo fato de ela dividir a mesma
carceragem com pessoas que fizeram ameaças de morte a ela e ao
filho de 12 anos.
Em conversa telefônica gravada
pela própria Norma e entregue à
polícia, o delegado da PF José Augusto Bellini (também preso) teria ameaçado matar o menino, caso ele delatasse o funcionamento
da suposta quadrilha.
O advogado de Norma, no entanto, afirmou que sua cliente está
"tranquila" e não enfrenta "animosidades" na carceragem. "Ela
não quer ser transferida para Brasília. Quer continuar em São Paulo, onde está perto de sua família e
de seus advogados", disse Esteves.
A desembargadora Cazerta irá
analisar o pedido do advogado.
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