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Racha do partido deixa o presidente assustado
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira reunião do Diretório Nacional do PT com sua nova
composição expôs um racha interno no partido e colocou o governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em estado de alerta.
Durante o encontro de anteontem, diversos dirigentes que estavam na sede petista em São Paulo
receberam ligações do coordenador político de Lula, ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), que tentava atenuar o estrago que um documento muito
crítico poderia trazer ao governo.
Unidos às chamadas correntes
de esquerda, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, e o 1º vice-presidente da legenda, Marco Aurélio Garcia, apresentaram um
texto ainda mais ácido do que
aquele tornado público. A Folha
apurou que o texto original trazia,
por exemplo, trecho que classificava o governo como "limitado".
Defensores de Lula ficaram irritados pelo fato de as críticas partirem de pessoas com cargos na administração federal, como Garcia,
que é assessor da Presidência para
assuntos internacionais.
Dentro da reunião, agiram para
barrar as críticas mais pesadas o
líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e petistas ligados
à ex-prefeita Marta Suplicy.
Mesmo com as tentativas, a resolução divulgada pediu, entre
outras medidas, a redução da meta de superávit primário, pilar da
política econômica do ministro
Antonio Palocci (Fazenda).
Um petista presente na reunião
brincou, dizendo que o clima no
PT está tão grave que até uniu
Mercadante e Marta, adversários
na disputa por uma vaga de candidato ao governo de São Paulo
nas eleições do ano que vem.
As intervenções de Wagner surtiram um resultado: o texto final
não defendeu a cassação do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), cuja campanha ao governo
mineiro em 1998 recebeu dinheiro do esquema de caixa dois do
publicitário Marcos Valério.
Azeredo acabou citado, mas
sem que houvesse definição sobre
uma representação contra ele no
Conselho de Ética do Senado. Um
dos argumentos de Wagner para
poupar Azeredo, disse um petista
à Folha, é a suposta negociação de
um acordo para que as CPIs sejam enterradas no início do ano.
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