São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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Racha do partido deixa o presidente assustado

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira reunião do Diretório Nacional do PT com sua nova composição expôs um racha interno no partido e colocou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em estado de alerta.
Durante o encontro de anteontem, diversos dirigentes que estavam na sede petista em São Paulo receberam ligações do coordenador político de Lula, ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), que tentava atenuar o estrago que um documento muito crítico poderia trazer ao governo.
Unidos às chamadas correntes de esquerda, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, e o 1º vice-presidente da legenda, Marco Aurélio Garcia, apresentaram um texto ainda mais ácido do que aquele tornado público. A Folha apurou que o texto original trazia, por exemplo, trecho que classificava o governo como "limitado".
Defensores de Lula ficaram irritados pelo fato de as críticas partirem de pessoas com cargos na administração federal, como Garcia, que é assessor da Presidência para assuntos internacionais.
Dentro da reunião, agiram para barrar as críticas mais pesadas o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e petistas ligados à ex-prefeita Marta Suplicy.
Mesmo com as tentativas, a resolução divulgada pediu, entre outras medidas, a redução da meta de superávit primário, pilar da política econômica do ministro Antonio Palocci (Fazenda).
Um petista presente na reunião brincou, dizendo que o clima no PT está tão grave que até uniu Mercadante e Marta, adversários na disputa por uma vaga de candidato ao governo de São Paulo nas eleições do ano que vem.
As intervenções de Wagner surtiram um resultado: o texto final não defendeu a cassação do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), cuja campanha ao governo mineiro em 1998 recebeu dinheiro do esquema de caixa dois do publicitário Marcos Valério.
Azeredo acabou citado, mas sem que houvesse definição sobre uma representação contra ele no Conselho de Ética do Senado. Um dos argumentos de Wagner para poupar Azeredo, disse um petista à Folha, é a suposta negociação de um acordo para que as CPIs sejam enterradas no início do ano.


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