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CASO SANTO ANDRÉ
Registro é de Ronan
Gomes da Silva usou 2 CPFs na Previdência
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado
de São Paulo requisitou à Procuradoria da República uma investigação sobre o suposto uso de dois
CPFs pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado por promotores de ser um dos mandantes do
assassinato do prefeito de Santo
André, Celso Daniel (PT).
Gomes da Silva está registrado
no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) da Previdência Social com o mesmo CPF
utilizado por Ronan Maria Pinto
na Receita Federal -Ronan é
empresário do setor de ônibus da
cidade e foi sócio de Gomes da Silva em empresas de transporte e
de comércio.
Há um outro registro no CNIS
em nome de Gomes da Silva, dessa vez com o CPF usado por ele na
Receita Federal.
Na opinião do promotor criminal José Reinaldo Carneiro, a duplicidade do documento reforça a
acusação que pesa contra os dois
empresários por suposta corrupção na Prefeitura de Santo André.
Ronan e Gomes da Silva foram
denunciados (acusados formalmente à Justiça) por formação de
quadrilha e concussão (extorsão
praticada por funcionário público) -a acusação ainda não foi
aceita pela Justiça.
O Ministério da Previdência informou que, com dois números
de CPF, Gomes da Silva teria problemas no momento de requisitar
a aposentadoria -teria de comprovar por qual registro contribuiu com a Previdência. A duplicidade por si só, segundo o órgão,
não comprova fraude fiscal.
Roberto Podval, advogado de
Gomes da Silva, afirmou que irá
se manifestar sobre o caso após
ter acesso aos documentos.
Ronan, por meio de sua assessoria, informou que desconhecia
o uso de seu CPF por Gomes da
Silva, com quem, atualmente, não
mantém nenhum vínculo societário. Disse ainda que, se alguma irregularidade ficar comprovada,
irá tomar as medidas cabíveis.
"Patrão"
Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal logo após a morte de Celso Daniel, em 20 de janeiro de 2002, Gomes da Silva conversa frequentemente com uma
das advogadas de Ronan, identificada apenas como Elaine
-transcrições dos diálogos foram publicadas pela Folha em 1º
de novembro do ano passado.
Em uma das conversas entre
Elaine e Gomes da Silva, a advogada marca uma reunião e refere-se a Ronan como "nosso patrão".
As escutas revelam a preocupação de pessoas ligadas à cúpula
petista da cidade com as contradições de Gomes da Silva sobre a dinâmica do crime. O empresário,
que estava com Daniel no dia de
seu sequestro, foi ouvido como
testemunha pela polícia. No último mês, após uma reviravolta do
caso, foi preso como mandante
do crime. Gomes da Silva nega
envolvimento com a morte.
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