São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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CASO SANTO ANDRÉ

Registro é de Ronan

Gomes da Silva usou 2 CPFs na Previdência

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público do Estado de São Paulo requisitou à Procuradoria da República uma investigação sobre o suposto uso de dois CPFs pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado por promotores de ser um dos mandantes do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
Gomes da Silva está registrado no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) da Previdência Social com o mesmo CPF utilizado por Ronan Maria Pinto na Receita Federal -Ronan é empresário do setor de ônibus da cidade e foi sócio de Gomes da Silva em empresas de transporte e de comércio.
Há um outro registro no CNIS em nome de Gomes da Silva, dessa vez com o CPF usado por ele na Receita Federal.
Na opinião do promotor criminal José Reinaldo Carneiro, a duplicidade do documento reforça a acusação que pesa contra os dois empresários por suposta corrupção na Prefeitura de Santo André. Ronan e Gomes da Silva foram denunciados (acusados formalmente à Justiça) por formação de quadrilha e concussão (extorsão praticada por funcionário público) -a acusação ainda não foi aceita pela Justiça.
O Ministério da Previdência informou que, com dois números de CPF, Gomes da Silva teria problemas no momento de requisitar a aposentadoria -teria de comprovar por qual registro contribuiu com a Previdência. A duplicidade por si só, segundo o órgão, não comprova fraude fiscal.
Roberto Podval, advogado de Gomes da Silva, afirmou que irá se manifestar sobre o caso após ter acesso aos documentos.
Ronan, por meio de sua assessoria, informou que desconhecia o uso de seu CPF por Gomes da Silva, com quem, atualmente, não mantém nenhum vínculo societário. Disse ainda que, se alguma irregularidade ficar comprovada, irá tomar as medidas cabíveis.

"Patrão"
Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal logo após a morte de Celso Daniel, em 20 de janeiro de 2002, Gomes da Silva conversa frequentemente com uma das advogadas de Ronan, identificada apenas como Elaine -transcrições dos diálogos foram publicadas pela Folha em 1º de novembro do ano passado.
Em uma das conversas entre Elaine e Gomes da Silva, a advogada marca uma reunião e refere-se a Ronan como "nosso patrão".
As escutas revelam a preocupação de pessoas ligadas à cúpula petista da cidade com as contradições de Gomes da Silva sobre a dinâmica do crime. O empresário, que estava com Daniel no dia de seu sequestro, foi ouvido como testemunha pela polícia. No último mês, após uma reviravolta do caso, foi preso como mandante do crime. Gomes da Silva nega envolvimento com a morte.


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