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Idéia de ataque
a ministro foi
de aposentada
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Foi de uma aposentada a idéia
de jogar uma torta no rosto do
ministro Ricardo Berzoini (Trabalho), durante solenidade anteontem na Federação das Indústrias de Fortaleza (CE).
A autora da proposta também
se prontificou a cumprir a tarefa,
mas acabou cedendo aos argumentos de que isso não seria seguro para ela. Outra voluntária se
apresentou e a substituiu.
O episódio, que culminou na
tortada em Berzoini, aconteceu
na sexta-feira passada, durante
reunião na casa de um ativista do
Crítica Radical, grupo que se diz
"contra o capitalismo" e que se
responsabilizou pela agressão.
A professora e integrante da entidade Regina Célia Zanetti participou do encontro e confirmou a
história. Segundo ela, 30 pessoas
estiveram no local para discutir a
estratégia de protesto do grupo
durante a visita do ministro.
"A idéia foi aprovada na hora,
por unanimidade", disse. "O Berzoini encarna a figura do perseguidor dos aposentados e dos servidores públicos, e nós achamos
que todas as atitudes dele são casadas e coerentes com as do governo Lula", afirmou Zanetti.
Segundo ela, ao jogar a torta, a
intenção dos manifestantes "não
era atingir ou ridicularizar a pessoa, mas sim, a política do governo Lula ali representada".
Berzoini, que foi ministro da
Previdência, comandou o processo de reforma do sistema de aposentadorias no país. Na sua gestão, tomou decisões polêmicas,
como a que determinava a revisão
das aposentadorias das pessoas
com mais de 90 anos. "Muitos
aposentados que participaram da
reunião vibraram com a possibilidade [de o ministro ser atingido
por uma torta]", disse Zanetti.
"Ele é um fiel servidor do Lula,
desse governo, dessa política."
Ao chegar ao local da manifestação, os cerca de 50 ativistas presentes tomaram posições predeterminadas. Enquanto alguns
abriam as duas faixas de protesto
contra o governo, outros entoavam palavras de ordem.
A ex-prefeita de Fortaleza Maria
Luiza Fontenelle também participou da manifestação. Ela foi expulsa do PT em 1988, após ser denunciada à Polícia Federal, por
um proprietário de empresa de
ônibus, por supostamente incitar
a população da cidade a depredação dos veículos por meio da distribuição de um caderno sobre
transportes coletivos.
Dois militantes foram até um
supermercado da região, onde
compraram uma torta de maçã,
com cobertura de glacê e cerejas.
Dividindo as despesas, pagaram
R$ 6,13 pelo doce.
O pacote foi repassado para a
militante encarregada de cumprir
a tarefa logo após a chegada do
ministro. Sem ser incomodada,
ela andou até a primeira fila do
auditório e empurrou a torta no
rosto de Berzoini, que não reagiu.
Escoltada por outros ativistas, a
mulher, até agora não identificada, fugiu. Segundo Zanetti, ela está escondida na casa de um amigo. O Crítica Radical não divulga
o nome da agressora nem permite
que ela seja entrevistada sob alegação de que o protesto não pode
ser personificado. "Foi um ato coletivo", alega a entidade.
A solenidade de inauguração do
Centro da Juventude do Ceará foi
suspensa. O ministro deixou o local, mas retornou mais tarde, e a
cerimônia foi retomada. Berzoini
não comentou o protesto.
"Além de ridicularizar essa política de governo, mostramos à população que ela precisa se indignar, se organizar num amplo movimento social pela emancipação", afirmou Zanetti.
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