São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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Presidente Lula crítica "império" norte-americano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Eu me esforço para não parecer antiamericano", declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante jantar com jornalistas em que usou o termo "império" duas vezes para se referir aos Estados Unidos.
Segundo Lula, a aproximação com países emergentes como África do Sul, Índia, China e Rússia é exatamente para "impedir o avanço da geografia imperialista".
A ligação com esses países, segundo Lula, é uma "questão de pele, de química" -ou seja, de identificação de interesses em comum. Nesse momento, falou que ninguém quer "império", "a manutenção de império".
"Ninguém respeita quem não se respeita", disse Lula, deixando claro que o objetivo do Brasil é se fortalecer politicamente no cenário internacional para negociar em melhores condições com os países ricos.
Aproveitou para tripudiar sobre os que o criticaram por ter visitado a Líbia e se reunido com o ditador Muammar Gaddafi.
Hoje, também o premiê Sílvio Berlusconi (Itália) e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, estão indo ao país -que é forte produtor de petróleo e tem US$ 9 bilhões para investimentos.
O que Lula não disse é que Blair só deverá se encontrar com Gaddafi na Líbia porque ele fez um acordo para desmantelar todo o seu programa de armas nucleares e normalizar sua relação com o Ocidente, após dezembro.
Lula foi pródigo em elogios ao ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), que "é um entusiasmado". Segundo o presidente, Amorim pode estar doente e de cama, mas, se aparecer algum trabalho, "não pensa duas vezes e vai".
Quanto aos países vizinhos, Lula disse que "nunca a América Latina esteve tão unida" e que é necessário "defender o Chávez". Referia-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticado pelos americanos e cujo mandato pode ser abreviado por um plebiscito.
Segundo Lula, o país está muito radicalizado e é necessário garantir que, dê no que dê o plebiscito, haja "equilíbrio": "Senão, vai ser uma guerra", disse. Lembrou ainda que o seu assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, está justamente em Caracas discutindo essa questão.


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