|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRATO FEITO
Presidente diz que petistas e tucanos podem ficar na mesma legenda e acredita que Marta Suplicy será reeleita
Lula acha que Brasil só terá "2 ou 3 partidos"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que o Brasil caminhará
para o bipartidarismo após a
aprovação de uma reforma política e que petistas e tucanos podem
estar unidos numa legenda no futuro. Lula acredita que Marta Suplicy (PT) será reeleita prefeita de
São Paulo em outubro.
Ao afirmar que a proposta de
reforma política deve partir do
Congresso, o presidente disse que
se empenhará para aprová-la e,
surpreendentemente, previu que
seu efeito será o enxugamento do
quadro partidário brasileiro.
"O caminho natural", disse, é o
Brasil "ter bipartidarismo, dois ou
três partidos, como na Alemanha,
na Inglaterra", o que produziria
partidos mais "ideológicos" e menos "fisiológicos". Na realidade,
há vários partidos nos dois países,
mas em ambos há duas siglas dominantes, embora no Reino Unido uma terceira força (o Partido
Liberal Democrata) venha crescendo em relação aos partidos
tradicionais -o Trabalhista (hoje
no poder) e o Conservador.
Questionado se achava possível
uma fusão futura entre o PSDB e o
PT, Lula saiu pela tangente. Preferiu dizer que acredita mais na
união "de pessoas" que hoje estão
no PT e no PSDB, sem se comprometer com a tese de fusão.
O presidente elogiou a oposição. Disse que a diferença dele para o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) é que está sempre aberto
"para conversar com todo mundo". Um repórter disse: "Mas o sr.
não tem oposição". E ele rebateu:
"Não é você que tem o PT!".
Lula voltou a se gabar de ter
aprovado as reformas tributária e
da Previdência "em sete meses".
Disse que FHC não fez isso, apesar de "ter a maioria de 400" deputados federais. Quando falaram que a tributária não tinha
passado, tergiversou: "Foi muito
mais do que acreditavam que a
gente pudesse fazer".
Numa alfinetada em FHC, com
quem vive trocando farpas, disse:
"Ele tem de ser grato por eu não
falar mal dele. E ele não deve falar
mal de mim, porque é melhor para o Brasil". Afirmou que só fala
da "herança maldita" e insinuou
que resistiu a pressões do PT para
divulgar supostos novos fatos negativos da gestão do tucano. "O
PSDB e o Fernando Henrique tiveram oito anos. Fizeram o que
quiseram neste país", disse.
Criticou a reeleição para cargos
executivos. Defensor de um mandato de seis anos para presidente,
Lula disse que ""o que eles fizeram
foi uma heresia, uma cretinice".
Ao falar de seus dois principais
ministros, José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda), Lula usou expressões elogiosas, mas dedicou mais tempo e
adjetivos ao segundo.
O presidente disse que o ministro da Fazenda é seu companheiro há "mais de 20 anos": "Caminho todo dia com ele. É meu amigo, meu companheiro". Falou do
perfil "calmo" de Palocci, adequado para o posto de ministro da Fazenda. "Vocês já viram o Palocci
nervoso? Numa reunião, se ele
não está gostando de uma coisa,
não dá para notar pela cara dele."
Sobre Dirceu, disse que o ministro é "o capitão" do time, "aquele
que fala com o juiz". Ele, presidente, é o "técnico". Disse que o
ministro da Casa Civil será o gerente do governo: "Não posso ficar despachando a toda hora com
30 ministros. O Zé Dirceu vai fazer isso". Mas afirmou que "todos
os ministros são iguais" e que está
aberto a "falar com todos eles".
Ele defendeu as atitudes da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy,
de visitar os bairros atingidos por
enchentes e discutir com a população. "Acho fantástico uma mulher como a Marta, de salto na lama, debatendo com a população." Vaticinou: "Ela vai ganhar a
eleição. Que mulher! Uma mulher
do nível da Marta vai lá e mete o
pé na lama, na periferia".
Segundo Lula, José Serra, presidente nacional do PSDB e candidato derrotado por ele na eleição
presidencial de 2002, não disputará o pleito contra Marta: "Ele não
vai disputar porque sabe que vai
perder". Confrontado com a idéia
de que, caso Marta não se reeleja,
isso seria a "grande derrota" do
governo, disse que sim. Mas não
considera que isso representaria
um julgamento de seu governo.
Lula rejeitou a tese de que a eleição será federalizada. "Não vai federalizar. Podem até discutir um
pouco, mas depois tem de discutir
a cidade, as idéias dos vereadores
e por aí", disse.
(ELIANE CANTANHÊDE e KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Fome de trabalho: Trabalho precário sustenta Expo Fome Zero Próximo Texto: Tucano ironiza preocupação com pleito municipal Índice
|