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Após pressão, reitor sai de apartamento
Segundo Timothy Mulholland, local está reservado "exclusivamente para atividades de representação da universidade"
Ministério Público investiga reforma de R$ 470 mil, mas a UnB contesta os valores; alunos pedem que reitor se afaste temporariamente
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o objetivo de "preservar
a instituição", o reitor da UnB
(Universidade de Brasília), Timothy Mulholland, anunciou
ontem sua "imediata desocupação" do apartamento funcional onde morava desde o ano
passado, alegando sensibilidade "às preocupações da comunidade universitária".
O imóvel, localizado na cobertura de um edifício na Asa
Norte de Brasília, é alvo de investigações pelo Ministério Público do Distrito Federal. Promotores dizem que a Fundação
de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos, entidade
sem fins lucrativos de apoio à
UnB, empregou muitos recursos para reformar o local.
A instituição, segundo o Ministério Público, teria gasto R$
470 mil na compra de móveis
luxuosos. A assessoria de imprensa da UnB, porém, afirma
que o custo seria de R$ 350 mil.
Entre os gastos citados em
ação contra dirigentes da Finatec, há a aquisição de três lixeiras (R$ 2.738), de equipamentos de TV e som (R$ 36.603), de
"telas artísticas" (R$ 21.600) e
16 vasos com "plantas diversas"
na cobertura (R$ 7.264).
Na semana passada, o Ministério Público do Distrito Federal pediu o ressarcimento do dinheiro gasto com a mobília. Como a UnB é uma entidade federal, porém, tal pedido teve de
ser encaminhado ao Ministério
Público Federal. Ontem à noite, a assessoria de imprensa do
órgão não soube informar se já
havia recebido o pedido.
"Determinei que o imóvel seja reservado exclusivamente
para atividades de representação da universidade", afirma o
reitor em nota divulgada no site
da UnB. "Estou convencido de
que o imóvel e toda sua estrutura montada continuarão servindo à UnB por décadas."
Já no que se refere a cartões,
a UnB é a campeã de despesas
entre as universidades. Só em
2007, registrou R$ 1,35 milhão,
o que representa 36% do total
despendido pelas instituições
(R$ 3,7 milhões). A assessoria
informou ontem que auditoria
interna "não identificou irregularidades" no uso de cartões.
Se contabilizados os gastos
entre 2004 e dezembro de
2007, a universidade gastou
com os cartões R$ 3,4 milhões.
O assistente de Mulholland,
Wilde José Pereira, utilizou seu
cartão para compras em padarias, supermercados e em uma
loja de festas. Ele diz que os gastos referem-se à homenagens e
encontros com ministros, parlamentares e embaixadores.
Alunos da UnB pedem que Mulholland se afaste momentaneamente da reitoria.
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