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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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Dirceu descarta pasta já para PMDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse ontem que, "no curto prazo, está descartado um ministério para o PMDB". No entanto, segundo a Folha apurou, o governo tenta atrair o partido para sua base parlamentar com a promessa de integrar o primeiro escalão no médio prazo.
Por curto prazo, leia-se mudança ministerial ou criação de nova pasta imediatamente. "Não há a menor condição política para reforma ministerial ou novo ministério", disse Dirceu.
Indagado se descartava um ministério para o partido, o ministro deixou a porta aberta para um entendimento futuro. Como ontem ficou demonstrado em embates importantes no Congresso que o governo não terá uma maioria segura sem a adesão do PMDB ou de pelo menos da grande maioria de seus parlamentares, não está descartada a volta de negociações por um ministério já. Essa possibilidade, porém, é menor hoje do que foi há duas semanas.
"O futuro a Deus pertence", desconversou. O fato é que a crônica divisão interna do PMDB dificulta um acordo oficial. Por isso, o PT trabalha com dois cenários.
O primeiro é levar o PMDB a aceitar integrar já o governo em troca de um ministério no médio prazo -setembro, quando poderá haver troca do comando formal do partido, ou mexida de cadeiras ministeriais no segundo semestre. O segundo cenário, considerado mais arriscado, é continuar com negociações pontuais. Não é o desejado pelo governo.
O PMDB, por sua vez, endurece o jogo com o PT. Até os mais refratários a apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitem que, se sair uma pasta logo, é difícil segurar os que desejam aderir.
O presidente do PT, José Genoino, e o secretário de Organização do partido, Sílvio Pereira, se reuniram ontem à noite com os líderes do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE).
Genoino tem se demonstrado um hábil articulador, suavizando endurecimentos táticos do governo. Pereira, homem de confiança de Dirceu, centraliza as informações sobre as divisões de cargos entre o PT e os aliados.
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), disse concordar "plenamente" com a declaração de Dirceu descartando pasta para o partido no curto prazo. "Agora, é a hora de um apoio independente. No futuro, se houver condições, pode se falar em ministério."
Indicado pelo governo para a embaixada do Brasil em Roma, o ex-presidente Itamar Franco almoçou ontem com Dirceu. Segundo o ministro, Itamar vai ajudá-lo nas articulações para atrair o PMDB. "Falamos também das prioridades para a embaixada."


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