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Dirceu descarta pasta já para PMDB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, disse ontem que, "no
curto prazo, está descartado um
ministério para o PMDB". No entanto, segundo a Folha apurou, o
governo tenta atrair o partido para sua base parlamentar com a
promessa de integrar o primeiro
escalão no médio prazo.
Por curto prazo, leia-se mudança ministerial ou criação de nova
pasta imediatamente. "Não há a
menor condição política para reforma ministerial ou novo ministério", disse Dirceu.
Indagado se descartava um ministério para o partido, o ministro
deixou a porta aberta para um entendimento futuro. Como ontem
ficou demonstrado em embates
importantes no Congresso que o
governo não terá uma maioria segura sem a adesão do PMDB ou
de pelo menos da grande maioria
de seus parlamentares, não está
descartada a volta de negociações
por um ministério já. Essa possibilidade, porém, é menor hoje do
que foi há duas semanas.
"O futuro a Deus pertence",
desconversou. O fato é que a crônica divisão interna do PMDB dificulta um acordo oficial. Por isso,
o PT trabalha com dois cenários.
O primeiro é levar o PMDB a
aceitar integrar já o governo em
troca de um ministério no médio
prazo -setembro, quando poderá haver troca do comando formal do partido, ou mexida de cadeiras ministeriais no segundo semestre. O segundo cenário, considerado mais arriscado, é continuar com negociações pontuais.
Não é o desejado pelo governo.
O PMDB, por sua vez, endurece
o jogo com o PT. Até os mais refratários a apoiar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva admitem
que, se sair uma pasta logo, é difícil segurar os que desejam aderir.
O presidente do PT, José Genoino, e o secretário de Organização
do partido, Sílvio Pereira, se reuniram ontem à noite com os líderes do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE).
Genoino tem se demonstrado
um hábil articulador, suavizando
endurecimentos táticos do governo. Pereira, homem de confiança
de Dirceu, centraliza as informações sobre as divisões de cargos
entre o PT e os aliados.
O presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), disse concordar "plenamente" com a declaração de
Dirceu descartando pasta para o
partido no curto prazo. "Agora, é
a hora de um apoio independente. No futuro, se houver condições, pode se falar em ministério."
Indicado pelo governo para a
embaixada do Brasil em Roma, o
ex-presidente Itamar Franco almoçou ontem com Dirceu. Segundo o ministro, Itamar vai ajudá-lo nas articulações para atrair
o PMDB. "Falamos também das
prioridades para a embaixada."
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