São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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Gregori quer indenizar família de sindicalista

da Sucursal de Brasília

O secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori, sugeriu ao governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), o pagamento de indenização à família do sindicalista rural João Canuto, assassinado em dezembro de 1985.
A indenização da família do sindicalista é uma tentativa de evitar que o governo brasileiro seja censurado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, organismo da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Na prática, a censura tem apenas efeito ético e moral. Um informe seria divulgado para todos os países que participam da organização, com a afirmação de que o governo brasileiro não cumpre os tratados internacionais sobre direitos humanos.

Denúncia
O caso foi denunciado à Organização dos Estados Americanos em 1994 pela CPT e por duas entidades internacionais de defesa dos direitos humanos -a Human Rights Watch Americas e o Centro pela Justiça e o Direito Internacional.
Para evitar a punição, Gregori, que aguarda resposta do governador do Pará, vai propor à comissão da OEA uma "solução amistosa" para o caso de João Canuto.
José Gregori
Semelhante solução foi adotada em relação à chacina de 18 presos que foram mortos em 89 por asfixia em uma delegacia do Parque São Lucas (SP).
Sobre os demais assassinados por conflitos de terra no Pará, Gregori disse desconhecer a lista da CPT sobre 673 pessoas mortas desde 1964.
'Ò Estado deve assumir sua responsabilidade apenas nos casos em que a ação ou omissão de seus agentes resultou na morte dessas pessoas", afirmou Gregori.
Canuto era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria (sudeste do Pará). Seus filhos, Paulo e José Canuto, também foram mortos por pistoleiros no início da década de 90.
Sua filha, Luzia Canuto, preside o Comitê Rio Maria, criado após a morte do sindicalista Expedito Ribeiro de Sousa. O comitê foi criado para apurar assassinatos no campo.
Ela denunciou à OEA que está ameaçada de morte. Professora da prefeitura de Rio Maria, Luzia afirma que foi transferida para trabalhar em uma área supostamente controlada por pistoleiros. (ABNOR GONDIM)



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