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MST assina hoje convênio para
combater milícias paramilitares
ROBERTO COSSO
da "FT"
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) assina
hoje um convênio de cooperação
jurídica com o Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo. O
primeiro objetivo é tentar fechar a
Anpru (Associação Nacional de
Produtores Rurais).
Fundada em janeiro deste ano, a
Anpru promete inaugurar em no
máximo 30 dias um sistema de segurança por meio do qual os fazendeiros requisitam milícias por
telefone para combater invasões
de sem-terra em suas fazendas.
Os seguranças levam duas horas
para chegar aos latifúndios do Estado de São Paulo.
"Vamos apresentar uma representação ao Ministério Público Federal pedindo a instauração de inquérito sobre a constituição de
milícias por parte da Anpru e o fechamento da entidade pelo desenvolvimento de atividades paramilitares, que afrontam a Constituição", disse o advogado Renato
Afonso Gonçalves, diretor de Comunicação do sindicato.
O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) está sendo convidado para subscrever a representação.
Mortes
O MST avalia que a criação das
milícias vai aumentar ainda mais o
número de mortes no campo. Segundo a entidade, conflitos agrários mataram 1.416 trabalhadores
rurais sem terra e cerca de 20 advogados militantes em 16 anos
(1980 a 1996).
Segundo a Associação Nacional
de Produtores Rurais, as mortes
devem diminuir por causa da redução do número de invasões.
De acordo com o presidente da
Anpru, Narciso Clara Rocha, as
milícias vão agir "estritamente
dentro da lei", e as armas somente
serão utilizadas em casos de legítima defesa.
Ele afirma, contudo, que "os
sem-terra sempre estão fortemente armados" quando fazem invasões e que seus instrumentos de
trabalho, como facões, enxadas e
foices também podem ser considerados "armas brancas".
O convênio entre o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra e o Sindicato dos Advogados
não se limita a enfrentar a Anpru.
O sindicato, por meio de advogados filiados voluntários, vai prestar assistência jurídica para os
sem-terra em todo o Estado de São
Paulo.
Simpósio
O MST e o Sindicato dos Advogados estão programando um
simpósio para o final do mês com
a presença das principais autoridades sobre reforma agrária do
mundo.
Serão discutidos o desenvolvimento do direito de propriedade,
os direitos humanos no campo e a
importância da reforma agrária
para a preservação do meio ambiente.
"A batalha nos tribunais entre os
sem-terra e os grandes latifundiários está se tornando cada vez
mais frequente. A reforma agrária
é uma questão de cidadania; juízes
e promotores precisam perceber
isso", disse Gonçalves.
O convênio entre as entidades
será assinado às 16h, na sede do
Sindicato dos Advogados. As negociações foram feitas pelo coordenador da Comissão de Direitos
Humanos, Ricardo Gerbim.
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