São Paulo, domingo, 13 de maio de 2001

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CASO BANPARÁ

Ação que apura desvio de verba some na Justiça

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Uma ação popular que apura desvios de recursos do Banpará (Banco do Estado do Pará) desapareceu na Justiça daquele Estado. Impetrada em 1985, ela cobra a devolução das verbas supostamente desviadas da instituição para contas particulares de ex-diretores do banco e do então governador, Jader Barbalho (PMDB), presidente do Senado.
Nesta semana, o advogado Paulo Nery Lamarão vai reconstituir a ação, que sumiu do cartório da 14ª Vara Cível e de Fazenda Pública da Justiça do Pará.
"O processo sumiu. Não o localizamos, apesar de três dias de buscas", afirmou a juíza Rosileide Barros, titular da vara há apenas quatro dias.
Um procedimento extra-judicial que investigava o desvio de dinheiro do Banpará de 1984 a 1986 também sumiu da Procuradoria de Justiça do Estado. Neste ano, documentos sobre o caso foram pedidos ao Banco Central pela Procuradoria, e seu conselho se reúne amanhã para reabri-lo.

Detalhe
A ação popular que está sendo reconstituída revela um detalhe do caso Banpará: as acusações sobre depósitos na conta particular de Jader -na agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, do banco Itaú- de recursos desviados do Banpará aconteceram vários anos antes dos relatórios elaborados pelo Banco Central apontando os desvios, que levaram a instituição a intervir no banco.
Os 11 cheques que teriam sido depositados na conta de Jader aparecem na petição inicial, baseada em documentos "vazados" por funcionários do banco.
O caso era discutido na Assembléia Legislativa do Pará desde 1985, cinco anos antes do auditor do BC Abrahão Patruni Júnior ter realizado o rastreamento dos beneficiários dos cerca de R$ 10 milhões que teriam sido depositados nas contas de Jader.
Nada foi feito, porém, pelos deputados paraenses para investigar o caso, confirmado por um relatório preliminar da auditoria do BC feito em 1987.
Os documentos, já amarelados, começaram a ser catalogados por parentes de Lamarão ontem.
"Vamos reconstituir a ação para mostrar que a Justiça do Pará não será co-responsável pela não-correção da falta grave que foi o sumiço da ação", afirmou o advogado Lamarão.
Segundo relatório de Patruni, a conta de Jader na agência do Itaú recebeu Cr$ 196.706,00 em 7 de novembro de 1984.



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