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CASO BANPARÁ
Ação que apura desvio de verba some na Justiça
ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Uma ação popular que apura
desvios de recursos do Banpará
(Banco do Estado do Pará) desapareceu na Justiça daquele Estado. Impetrada em 1985, ela cobra
a devolução das verbas supostamente desviadas da instituição
para contas particulares de ex-diretores do banco e do então governador, Jader Barbalho
(PMDB), presidente do Senado.
Nesta semana, o advogado Paulo Nery Lamarão vai reconstituir a
ação, que sumiu do cartório da
14ª Vara Cível e de Fazenda Pública da Justiça do Pará.
"O processo sumiu. Não o localizamos, apesar de três dias de
buscas", afirmou a juíza Rosileide
Barros, titular da vara há apenas
quatro dias.
Um procedimento extra-judicial que investigava o desvio de
dinheiro do Banpará de 1984 a
1986 também sumiu da Procuradoria de Justiça do Estado. Neste
ano, documentos sobre o caso foram pedidos ao Banco Central pela Procuradoria, e seu conselho se
reúne amanhã para reabri-lo.
Detalhe
A ação popular que está sendo
reconstituída revela um detalhe
do caso Banpará: as acusações sobre depósitos na conta particular
de Jader -na agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, do banco Itaú- de recursos desviados
do Banpará aconteceram vários
anos antes dos relatórios elaborados pelo Banco Central apontando os desvios, que levaram a instituição a intervir no banco.
Os 11 cheques que teriam sido
depositados na conta de Jader
aparecem na petição inicial, baseada em documentos "vazados"
por funcionários do banco.
O caso era discutido na Assembléia Legislativa do Pará desde
1985, cinco anos antes do auditor
do BC Abrahão Patruni Júnior ter
realizado o rastreamento dos beneficiários dos cerca de R$ 10 milhões que teriam sido depositados
nas contas de Jader.
Nada foi feito, porém, pelos deputados paraenses para investigar
o caso, confirmado por um relatório preliminar da auditoria do
BC feito em 1987.
Os documentos, já amarelados,
começaram a ser catalogados por
parentes de Lamarão ontem.
"Vamos reconstituir a ação para
mostrar que a Justiça do Pará não
será co-responsável pela não-correção da falta grave que foi o sumiço da ação", afirmou o advogado Lamarão.
Segundo relatório de Patruni, a
conta de Jader na agência do Itaú
recebeu Cr$ 196.706,00 em 7 de
novembro de 1984.
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