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INVESTIGAÇÃO
CPI quer que ex-prefeito explique origem de US$ 200 mi no exteriorq
Comissão marca depoimento de Maluf para dia 29
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI que investiga o aumento
da dívida pública do município de
São Paulo marcou para 29 de junho o depoimento de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, para
que ele dê explicações sobre a origem dos US$ 200 milhões (cerca
de R$ 470 milhões) que tem depositados no paraíso fiscal de Jersey
(Reino Unido), conforme revelou
a Folha no último domingo.
A CPI suspeita que a conta tenha sido abastecida com dinheiro
desviado durante a gestão de Maluf (1993-96).
"Nos próximos dias, faremos visitas ao Ministério Público Estadual, para dialogar com os promotores que acompanham o caso
e extrair subsídios para o interrogatório de Maluf", disse a presidente da CPI, Ana Martins (PC do
B). A data da convocação será referendada hoje em reunião dos
integrantes da CPI.
Ao mesmo tempo, Maluf está
na mira de outra CPI, a que investiga irregularidades no Tribunal
de Contas do Município.
Convocação
O relator da CPI do TCM, Vicente Cândido (PT), disse ontem
que a convocação de Maluf "será
inevitável", após a revelação da
conta no exterior. O relator também pretende questioná-lo sobre
o suposto desvio de R$ 170 milhões das obras de construção da
avenida Águas Espraiadas, que
afirma ter constatado.
De acordo com a apuração de
Cândido, houve adulteração na
fórmula que é utilizada para corrigir o valor do contrato da prefeitura com as empreiteiras responsáveis pela obra, conhecida como
"fator K". Entre 1995 e 1996, foi incluída no cálculo inflação de 23%,
muito maior, segundo Cândido,
que a taxa real do período.
"Esse desvio na avenida pode
ter ido parar em contas de Maluf
no exterior. É isso que queremos
que ele explique", afirmou Cândido. Ele, no entanto, ainda prefere
esperar alguns dias para decidir a
forma de pedir a convocação de
Maluf. "Não quero atropelar as
investigações que estão sendo feitas pelo Ministério Público."
Maluf nega a existência das contas e diz que as acusações contra
ele são "absurdas".
No Ministério Público Federal,
que abriu representação contra
Maluf, a responsável pela investigação será a procuradora Denise
Neves Abade, autora de denúncias e investigações referentes ao
escândalo dos precatórios.
Em 97, Denise denunciou Wagner Ramos, ex-coordenador da
dívida pública de São Paulo, por
evasão de divisas e sonegação fiscal. Durante a gestão de Maluf, a
prefeitura emitiu R$ 3,2 bilhões
em títulos públicos para pagar
precatórios, mas gastou a maior
parte do dinheiro em outras finalidades. Ramos seria o mentor do
esquema. Denise é autora também de uma denúncia contra Maluf, por injúria e difamação, em
98. O ex-prefeito teria atingido a
honra de um delegado que investigara a participação do ex-prefeito no escândalo.
Outro lado
O advogado de Maluf, Ricardo
Tosto, diz que "tecnicamente, não
há necessidade de Maluf depor à
CPI". "Ele é testemunha, não é réu
e pode se negar a depor".
Maluf nomeou os advogados
Arnaldo Malheiros e Ricardo Lima para responder às acusações
criminais no caso das contas em
Jersey. O ex-prefeito também cogita contratar advogados no exterior para ajudar na sua defesa.
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