|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aliados e oposição impedem discussão da LDO
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pressão da base aliada para
aumentar os gastos do governo
no ano eleitoral e a decisão da
oposição de obstruir a votação
impediram ontem a discussão da
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2002. O PSDB também
trabalha para evitar corte de R$
1,2 bilhão nos recursos do Ministério da Saúde, comandado pelo
presidenciável tucano José Serra.
O atraso no cronograma de discussão da LDO poderá retardar o
recesso do Congresso, o que desagrada ao governo, que não quer
manter o palanque político da
oposição. Segundo a Constituição, deputados e senadores não
entram em recesso no próximo
mês enquanto não concluírem a
votação da LDO.
As pressões dos aliados deverão
produzir mudanças no parecer da
relatora, deputada Lúcia Vânia
(PSDB-GO), que poderá apresentar um adendo com metas para o
setor elétrico e mudanças na área
de saúde. Congressistas da base
aliada -incluindo o presidente
da Comissão Mista de Orçamento, senador Carlos Bezerra
(PMDB-MT),- querem que seja
reduzida a meta do governo de
economizar R$ 31,7 bilhões para
pagar juros da dívida pública.
A deputada afirmou que vai
manter o chamado superávit primário (saldo de receita menos
gastos sem os juros), porque a
mudança desse índice representa
um sinal negativo para o mercado. "Não podemos desprezar as
conquistas. O equilíbrio das contas públicas é fundamental neste
momento de crise", disse.
Em seu parecer, Lúcia Vânia
abriu caminho para que as estatais reduzam a colaboração no superávit primário, permitindo
mais investimentos no setor elétrico. O superávit é formado por
R$ 26,4 bilhões do orçamento fiscal e da seguridade e R$ 5,3 bilhões das estatais.
Os aliados querem reduzir a
meta de R$ 31,7 bilhões para aumentar os gastos na área social
por meio de emendas ao Orçamento de 2002. "Querem fazer
uma farra num ano eleitoral", disse o líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
O PSDB não permitirá a votação
da LDO enquanto se mantiver o
impasse em relação aos investimentos em saúde. O Ministério
da Fazenda entende que os recursos da saúde em 2002 correspondem a 1,77% do PIB (Produto Interno Bruto). Para o Ministério da
Saúde, esse percentual é de 1,91%.
Se prevalecer a interpretação da
Fazenda, a saúde vai perder R$ 1,2
bilhão. Os tucanos não estão dispostos a permitir corte de recursos na área de Serra, eventual candidato do partido à sucessão de
Fernando Henrique Cardoso.
"Não é dinheiro para Serra. É para
o povo, para a saúde", disse o deputado João Almeida (PSDB-BA).
Texto Anterior: Presidente descarta um novo acordo com FMI Próximo Texto: Elio Gaspari: FFHH acertou. Culpa do Lula Índice
|