São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

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MARINHA

Comando classifica a situação como preocupante

Novos recrutas devem ser reduzidos em 80% para diminuir custos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de o Exército ter anunciado medidas para a redução de seus gastos, o Comando da Marinha divulgou ontem uma nota informando que deve diminuir em 80% a incorporação de recrutas prevista para o segundo semestre deste ano e reduzir um dia de trabalho por semana como forma de cortar os gastos.
A Marinha anunciou também que irá renegociar o pagamento de contratos, cancelar obras e suspender o pagamento de vale-transporte e o fornecimento de refeições a partir de agosto.
Na quinta-feira, o Exército também havia divulgado uma nota anunciando que pretende antecipar para 31 de julho a saída de 44 mil recrutas. Originalmente, eles deveriam deixar a corporação a partir de dezembro.
No final de junho, o Exército já havia adiado por 60 dias a incorporação de um novo grupamento como forma de reduzir custos.
No texto divulgado ontem, a Marinha afirma que 41,2% do total de seus recursos previstos na Lei Orçamentária foram cortados. O texto classifica a situação como preocupante, pois "aprofunda ainda mais a continuada escassez de recursos orçamentários que atinge a Marinha nos últimos anos".
Segundo a Folha apurou, estava prevista para este ano a liberação de R$ 1,06 bilhão para a Marinha, sendo que foram cortados R$ 436 milhões.
Para o Ministério da Defesa, que compreende Exército, Marinha e Aeronáutica, estava prevista para 2002 a liberação de R$ 5,224 bilhões, sendo que foram cortados R$ 2,175 bilhões.
Além da redução do Orçamento, o Ministério da Defesa sofreu em maio um bloqueio de parte de seus recursos por conta da possível não-aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) pelo Congresso.
Segundo o Ministério do Planejamento, o bloqueio na pasta da Defesa foi de R$ 937 milhões, sendo que R$ 204 milhões já foram liberados. O restante -R$ 733 milhões- deve ser reposto nos próximos meses, porém o ministério informou que não há a garantia de que este valor será integralmente pago, nem há um cronograma de liberação dos recursos.
O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, disse por meio de sua assessoria que "há a expectativa de liberação de um limite financeiro de até R$ 300 milhões".
O porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, afirmou ontem que o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o secretário-executivo do ministério, Amaury Bier, tiveram uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso ontem pela manhã para discutir a liberação dos recursos para as Forças Armadas como forma de evitar as medidas anunciadas. O porta-voz não citou valores.
O presidente da Comissão de Defesa Nacional da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse que vai convidar os ministros da Fazenda e do Planejamento, Guilherme Dias, para explicar os cortes nas Forças Armadas.


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