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QUALIDADE DE VIDA
Problema continua sendo o principal para os indicadores sociais brasileiros, afirma o Ipea
ONU critica má distribuição de renda
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
A concentração de renda no
país foi a principal crítica feita pelo representante da ONU (Organização das Nações Unidas) no
Brasil, o equatoriano Walter
Franco, ao desempenho do país
no Relatório do Desenvolvimento
Humano deste ano.
"Embora os indicadores de
educação e saúde tenham melhorado, não houve avanço na distribuição de renda", disse Franco,
durante o lançamento oficial do
relatório, em Brasília.
O presidente do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), Roberto Martins, também
disse que, embora o país tenha
avançado em educação e saúde, a
concentração de renda continua
sendo o "calcanhar-de-aquiles"
da melhoria dos indicadores.
"A concentração de renda no
Brasil é a pior do mundo há décadas. O Brasil tem renda para eliminar a pobreza, mas, ainda assim, a desigualdade não está diminuindo", disse Martins.
Além de criticar a concentração
de renda, Walter Franco disse que
o ritmo da melhora das condições
de vida no país poderia ter sido
mais rápido -sobretudo a expectativa de vida e a escolaridade.
"As condições de vida no Brasil
vêm melhorando desde 75, mas
ainda falta muito o que fazer. A
esperança de vida ao nascer ainda
é muito baixa, e a taxa de escolaridade também é menor do que a
de países com o mesmo perfil
econômico", disse Franco.
A expectativa de vida do brasileiro no relatório de 99 (referente
a dados de 97) é de 66,8 anos. A
dos argentinos é de 72,9 anos, e a
dos uruguaios, de 73,9.
Para Franco, o atraso no desenvolvimento humano do Brasil em
relação aos países vizinhos é consequência de condições históricas
e do tamanho do país.
"O Brasil tem uma herança
muito pesada de problemas, que
afeta o ritmo das mudanças. O tamanho da população também dificulta. É mais simples melhorar
as condições de vida em países
pequenos, como a Costa Rica e o
Uruguai, do que no Brasil."
O ritmo da melhora dos indicadores sociais no Brasil entre 90 e
97 foi menos intenso do que na
Indonésia, mas superior ao do Paquistão -dois países com populações semelhantes à do Brasil.
O Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento elaborou um ranking que compara a
melhora no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nos nove países mais populosos do
mundo entre 90 e 97.
A Índia não foi incluída no ranking -embora sua população seja de 966,2 milhões de habitantes- porque o programa não calculou o IDH desse país em 90.
O Brasil aparece em quinto lugar no ranking, atrás da China, do
Japão, dos EUA e da Indonésia.
De 90 a 97, o Brasil conseguiu
reduzir seu déficit no IDH em
10,7%. Isso significa que a diferença entre o valor do IDH do país e o
IDH máximo (que é de 1,0) caiu
10,7% no período.
Entre os nove países, o único
que apresentou piora nos indicadores sociais foi a Rússia, que teve
um aumento no déficit de 18,4%.
Segundo o Pnud, isso aconteceu
porque a expectativa de vida dos
russos caiu em decorrência da crise econômica. "Houve aumento
nas mortes por problemas cardíacos causados pelo estresse", diz
José Carlos Libânio, assessor do
Pnud no Brasil.
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