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VIZINHO EM CRISE
Idéia seria usar linha de crédito de US$ 4,5 bi aberta em 97 pelo setor privado para compor pacote de ajuda
EUA querem bancos no socorro à Argentina
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Os Estados Unidos querem que
os credores privados paguem parte do custo de salvação da Argentina. O desejo foi manifestado na
sexta-feira, em Washington, pelo
subsecretário do Tesouro norte-americano, John Taylor, durante
reunião com um grupo de bancos
liderados pelo JP Morgan.
Segundo a Folha apurou, os
EUA querem que o novo pacote
de ajuda à Argentina, que está
sendo negociado desde sexta-feira no FMI (Fundo Monetário Internacional), também inclua empréstimos do setor privado.
Uma das idéias seria colocar em
uso uma linha de crédito de liquidez de US$ 4,5 bilhões aberta para
a Argentina em 1997 por um grupo de bancos.
Nunca usada, essa linha fora desenhada para proteger o país de
crises como a atual. Ela é chamada de "repo line", ou linha de reposição de reservas, e funcionou
como uma espécie de retaguarda
psicológica da economia argentina durante a crise asiática.
Mas, com a gravidade da última
crise e com a perspectiva de que o
governo argentino pudesse querer usá-la, os bancos privados e o
BC argentino passaram a divergir
sobre procedimentos e custo.
Respaldados por cláusulas contratuais, os bancos exigem que a
Argentina ofereça, em garantia,
títulos pelo valor de mercado
-algo impraticável, tendo em
vista o atual preço dos papéis do
governo argentino e as limitações
que o Fundo impõe ao crescimento da dívida do país.
O BC argentino também reluta
em sacar a linha porque teme que
o gesto possa ser visto como um
sinal adicional de fragilidade.
A idéia do governo norte-americano é que, se os bancos oferecerem os recursos dessa linha com
um empréstimo adicional do
FMI, o valor total de um novo pacote poderá superar as expectativas do mercado e inverter a situação de crise da argentina. Os bancos ainda não indicaram se vão
aceitar o "convite" dos EUA.
Em dezembro passado, o Fundo
anunciou um pacote de US$ 13,4
bilhões para ajudar a Argentina a
implementar um programa de
ajuste rígido. Desde então, o governo não conseguiu cumprir as
metas fiscais e a economia tornou-se epicentro de uma nova
crise nos mercados emergentes.
Desde sexta, uma missão argentina negocia a revisão do programa atual com o FMI e a elaboração das metas de um futuro programa. As negociações poderão
demorar "semanas", segundo o
vice-ministro da Economia da
Argentina, Daniel Marx. Ele disse
que, a partir de hoje, a missão deixa de falar com os técnicos do
Fundo e passa a negociar com a
alta direção do organismo.
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