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CRISE CAPIXABA
Acusação é de crime eleitoral e contra o sistema financeiro; segundo assessoria, governador não quis comentar
Brindeiro pede que STJ processe Ignácio
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
que processe o governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira
(PTN), por crimes eleitoral e contra o sistema financeiro, chamado
colarinho branco.
A assessoria de imprensa do governador José Ignácio Ferreira
(PTN) informou que ele ainda
não recebeu nenhum documento
referente à denúncia feita e, portanto, não iria fazer comentários
sobre o assunto.
Brindeiro ofereceu denúncia
contra ele e outras 11 pessoas tidas
como envolvidas em operação de
empréstimo aparentemente fraudulenta no Banestes (Banco do
Estado do Espírito Santo), no valor de R$ 2,6 milhões, com o objetivo de quitar dívidas da campanha de José Ignácio, imediatamente após ele ter sido eleito para
o governo do Estado, no primeiro
turno de 1998.
A denúncia criminal, que representa o pedido de abertura da
ação penal, está fundamentada
em depoimentos e investigações
realizados pela Polícia Federal a
partir de março de 2000 e aprofundadas pelo STJ após outubro
do ano seguinte, quando foi instaurado o inquérito criminal referente a esse caso.
Para abrir o processo, o STJ depende da concessão de licença pela Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo. É improvável que isso ocorra até o término
de seu mandato de Ignácio, em 31
de dezembro de 2002. Após essa
data, ele perderá o direito ao foro
privilegiado e deverá então ser
processado pela Justiça Federal
do Estado.
Ignácio é acusado de ter montado uma operação fraudulenta para, após tomar um empréstimo de
R$ 2,6 milhões, sem oferecer as
garantias normalmente exigidas,
transferir o dinheiro a três doadores da campanha, que por sua vez
depositaram o valor em outra
conta dele como "doação" ao governador eleito.
Inicialmente ele teria deixado
um saldo negativo de R$ 2,6 milhões na conta bancária aberta exclusivamente para receber doações. Teria aberto, então, outra
conta para tomar o empréstimo e
transferir o valor às empresas
Target Importação, Exportação e
Representação, Construtora CEC
e HMG Engenharia e Construção.
Segundo o procurador-geral,
não ocorreu nenhuma "doação
por parte das empresas em questão ao então candidato", e sim "simulação de doação".
Penas
O governador é acusado de praticar três crimes contra o sistema
financeiro, entre os quais gestão
fraudulenta de instituição financeira, com pena prevista de reclusão de até 12 anos, e fraude na obtenção de financiamento bancário -até seis anos de prisão. O
crime eleitoral é a falsificação de
documento para fins eleitorais
(doação inexistente) -que tem
pena prevista de cinco anos de detenção.
Os outros denunciados são o
cunhado Gentil Antônio Ruy, diretores do Banestes, os proprietários das três empresas e um funcionário da Target, que atuou em
nome dos três doadores.
Há um mês, Geraldo Brindeiro
desistiu de apresentar ao Supremo Tribunal Federal pedido de
intervenção no Estado do Espírito
Santo por violação de direitos humanos, após conversar com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso. A desistência livrou Ignácio do desgaste político.
Colaborou a Agência Folha
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