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GOVERNO
Presidente diz que dados estão sendo usados "abusivamente" por candidatos
FHC tenta derrubar "mitos" sobre ação na área social
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso utilizou dados preliminares da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio)
-divulgada ontem pelo IBGE no
Rio de Janeiro- para defender
seu governo e o Plano Real do que
chamou de três "mitos" que estariam sendo propagados por "força da repetição" na eleição.
FHC usou tabelas preparadas
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) para mostrar que não seria verdade que a
estabilização econômica e o Plano
Real teriam concentrado a renda,
destruído o emprego e sacrificado
a área social.
Segundo ele, os candidatos estariam usando dados "abusivamente" para fazer propaganda.
"Eu entendo que, na campanha
eleitoral, as pessoas usem o dado
abusivamente, usem o dado para
defender um ponto de vista. Mas
isso não tem valor científico. Dados que aparecem assim: milhões
para cá, bilhões para lá, não têm
valor científico, são apenas para
fazer propaganda. Todos fazem",
disse FHC, que logo completou e
disse que "a maioria" dos candidatos faz propaganda.
Destruição do emprego
FHC explicou que, entre 1993 e
2001, foram gerados 8,9 milhões
de empregos, mas isso não foi suficiente para atender "ao crescimento da população". Em 2001,
havia 7,785 milhões de desempregados -3,4 milhões a mais do
que em 1993.
"No período do Plano Real, efetivamente, houve um aumento de
desempregados. Não de 10 milhões ou 12 milhões, não. Foi de
3,4 milhões", afirmou.
Questionado sobre a viabilidade
de criação de 8 milhões de empregos nos próximos anos -proposta de José Serra (PSDB-PMDB)-, FHC respondeu: "Só
posso dizer que criamos 9 [milhões]".
Ele também afirmou que a
"qualidade" do trabalho melhorou. O presidente havia prometido criar 7,8 milhões de empregos
na campanha à reeleição, em 98.
"[O Plano Real] não resolveu o
desemprego, é verdade, mas não
diminuiu o número de empregos
nem concentrou a renda", disse.
Concentração de renda
O presidente também rebateu
as críticas de que a distribuição de
renda teria ficado mais desigual.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações
Unidas, divulgado neste ano, o
Brasil tem a terceira pior distribuição de renda do mundo.
"Quem diz que houve concentração de renda com o Plano Real
não viu os dados", disse, apontando uma discreta melhora no índice de Gini, que mede essa distribuição. Para ele, a renda ainda está "muito concentrada", mas já se aproxima ao nível do Chile.
Os dados apresentados por
FHC mostram que os 10% mais
pobres da população tiveram um
aumento de renda real de 73% entre 1993 e 2001. Já os 10% mais ricos tiveram um acréscimo real de 13% em sua renda.
O terceiro mito desmentido foi
o de que priorizou a política econômica em detrimento de investimentos sociais.
A tabela que apresentou mostra
crescimento no gasto social do
governo de 52,6%, entre 1993 e
2001, passando de R$ 113 bilhões
para R$ 172,5 bilhões.
Os valores incluem gastos com
previdência de servidores do setor público e privado. O aumento
foi contínuo com exceção do ano
de 99, o ano da "crise conhecida".
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