São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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GOVERNO

Presidente diz que dados estão sendo usados "abusivamente" por candidatos

FHC tenta derrubar "mitos" sobre ação na área social

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso utilizou dados preliminares da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) -divulgada ontem pelo IBGE no Rio de Janeiro- para defender seu governo e o Plano Real do que chamou de três "mitos" que estariam sendo propagados por "força da repetição" na eleição.
FHC usou tabelas preparadas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para mostrar que não seria verdade que a estabilização econômica e o Plano Real teriam concentrado a renda, destruído o emprego e sacrificado a área social.
Segundo ele, os candidatos estariam usando dados "abusivamente" para fazer propaganda.
"Eu entendo que, na campanha eleitoral, as pessoas usem o dado abusivamente, usem o dado para defender um ponto de vista. Mas isso não tem valor científico. Dados que aparecem assim: milhões para cá, bilhões para lá, não têm valor científico, são apenas para fazer propaganda. Todos fazem", disse FHC, que logo completou e disse que "a maioria" dos candidatos faz propaganda.

Destruição do emprego
FHC explicou que, entre 1993 e 2001, foram gerados 8,9 milhões de empregos, mas isso não foi suficiente para atender "ao crescimento da população". Em 2001, havia 7,785 milhões de desempregados -3,4 milhões a mais do que em 1993.
"No período do Plano Real, efetivamente, houve um aumento de desempregados. Não de 10 milhões ou 12 milhões, não. Foi de 3,4 milhões", afirmou.
Questionado sobre a viabilidade de criação de 8 milhões de empregos nos próximos anos -proposta de José Serra (PSDB-PMDB)-, FHC respondeu: "Só posso dizer que criamos 9 [milhões]".
Ele também afirmou que a "qualidade" do trabalho melhorou. O presidente havia prometido criar 7,8 milhões de empregos na campanha à reeleição, em 98.
"[O Plano Real] não resolveu o desemprego, é verdade, mas não diminuiu o número de empregos nem concentrou a renda", disse.

Concentração de renda
O presidente também rebateu as críticas de que a distribuição de renda teria ficado mais desigual. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, divulgado neste ano, o Brasil tem a terceira pior distribuição de renda do mundo.
"Quem diz que houve concentração de renda com o Plano Real não viu os dados", disse, apontando uma discreta melhora no índice de Gini, que mede essa distribuição. Para ele, a renda ainda está "muito concentrada", mas já se aproxima ao nível do Chile.
Os dados apresentados por FHC mostram que os 10% mais pobres da população tiveram um aumento de renda real de 73% entre 1993 e 2001. Já os 10% mais ricos tiveram um acréscimo real de 13% em sua renda.
O terceiro mito desmentido foi o de que priorizou a política econômica em detrimento de investimentos sociais.
A tabela que apresentou mostra crescimento no gasto social do governo de 52,6%, entre 1993 e 2001, passando de R$ 113 bilhões para R$ 172,5 bilhões.
Os valores incluem gastos com previdência de servidores do setor público e privado. O aumento foi contínuo com exceção do ano de 99, o ano da "crise conhecida".



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