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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT NO DIVÃ
Filósofa faz alusão a slogan usado na Guerra Civil Espanhola e afirma que partido é odiado por ter construído a democracia no país
Chaui vê ódio contra o PT e diz "no pasarán!"
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
"No pasarán!" Com o slogan
dos comunistas espanhóis que
tentavam nos anos 30 barrar a escalada fascista, a filósofa Marilena
Chaui encerrou sua fala ontem,
no ato da anunciada "refundação
do PT", do qual participaram dirigentes, intelectuais e representantes de movimentos sociais.
A fala de Chaui, aplaudida com
entusiasmo pelas cerca de 300
pessoas que lotaram o auditório
do Sindicato dos Engenheiros de
São Paulo, no centro, sintetizou o
clima de resgate de origens que
marcou quase todo o encontro.
"Essa alegria imensa que eu sinto aqui é porque nos últimos meses eu me perguntei o que foi que
nós fizemos para sermos tão odiados", disse a filósofa ligada ao PT.
"Nunca em toda minha vida presenciei um ódio igual a esse. E sei
hoje por quê: é porque nós fomos
o principal construtor da democracia nesse país. E nós não seremos perdoados por isso nunca".
Chaui lembrou que o PT foi
criado sobre "duas idéias socialistas, a idéia da igualdade econômico-social e a idéia da Justiça". "E
foram essas duas idéias que definiram nosso conceito democrático de cidadania. A democracia no
PT não faria nenhum sentido se
os fundamentos dela não fossem
duas idéias socialistas. Isso é nosso patrimônio, e por ele eu direi
apaixonadamente: No pasarán!"
Com sua intervenção, a filósofa
quebrou seu "silêncio", justificado pelo fato de que, até o momento, nada tinha a acrescentar além
daquilo que já fora escrito sobre
os rumos da esquerda pelo economista Paul Singer. Além das manifestações de orgulho, a autocrítica também esteve presente. Singer, outro fundador do PT e um
dos mentores do encontro, não
poupou críticas aos rumos tomados pelo partido, que segundo ele
se especializou em ganhar eleições nem que para isso fossem necessárias práticas "delinqüentes".
Estavam ali, no auditório, além
de Paul Singer, dezenas de outros
fundadores do partido, como
Paulo Skromov e Zilah Abramo.
Dividiam espaço com novas lideranças, como o vereador Paulo
Teixeira (PT). Políticos ligados ao
ex-ministro José Dirceu (PT-SP) e
ao Campo Majoritário, grupo que
comanda a sigla, eram minoria.
Era o encontro do PT do "caixa
1". A expressão foi usada pelo presidente interino do partido, Tarso
Genro, ao passar um saco plástico
no qual pretendia "levantar
fundos" para pagar o aluguel do
auditório. Os R$ 358 arrecadados,
porém, não precisaram ser usados, já que integrantes do sindicato do engenheiros decidiram, durante o encontro, ceder o espaço
gratuitamente. "[O dinheiro] fica
com o Paulo Singer. Que não fuja
para a Suíça!", disse Tarso, brincando. Além dos 300 participantes, outros 5.000 petistas acompanharam o ato pela internet.
Os discursos emocionados vieram acompanhados de poesia declamada por Pedro Tierra -codinome de Hamilton Pereira, presidente do Instituto Cidadania-,
citações ao cantor Chico Buarque
e idéias como uma nova campanha de filiação para quem esteja
"disposto a lutar" pelos ideais petistas. Presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, José Lopes
Feijoó, anunciou, ali, que, por
conta da crise, iria se filiar ao PT.
O único candidato à presidência
do partido presente no encontro
era Raul Pont, da Democracia Socialista. O deputado Ricardo Berzoini (SP-SP), do Campo Majoritário, enviou uma mensagem.
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