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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Principal jornal do país publica denúncias que envolvem políticos brasileiros e, segundo Celso Amorim, turbulência atrai curiosidade de chefes de Estado
Crise "acompanha" Lula na Guatemala
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DA GUATEMALA
A visita oficial do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à Guatemala, ontem e hoje, não conseguiu afastar dele a crise política
que se arrasta a quase quatro meses no Brasil. Ontem, o principal
jornal guatemalteco dedicou uma
página para resumir as últimas
notícias em torno da turbulência
política e as denúncias que envolvem o governo e o nome do presidente brasileiro.
Em seu caderno de notícias internacionais, o jornal "Prensa Libre" (Imprensa Livre) traz um resumo de reportagens publicadas
no final de semana pela imprensa
brasileira, como a entrevista dada
à Folha pelo vice e ministro da
Defesa, José Alencar, em que se
diz pronto para assumir a Presidência após um eventual processo de impeachment de Lula, com
o qual admite ter divergências na
condução da política econômica.
Ao chegar à Guatemala, Lula foi
recebido no Palácio Nacional, onde fez um discurso no encerramento da Conferência Latino-Americana Contra a Fome. Ele
disse que sempre se emociona ao
falar sobre o tema e destacou a
importância da democracia.
"Não há nada melhor do que
consolidarmos o processo democrático em nossos países", disse
Lula, que participaria de um jantar com outros chefes de Estado.
Nesta semana, com as viagens
de Lula à Guatemala e aos Estados
Unidos (amanhã e quinta-feira), a
expectativa do Planalto era que o
presidente conseguisse uma folga
em relação à crise, enfocada no
presidente da Câmara, Severino
Cavalcanti (PP-PE).
Ontem, na Cidade da Guatemala, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), admitiu que a
crise política brasileira atrai a curiosidade dos chefes de Estado de
outros países. Mas afirmou, porém, que não há, por conta da turbulência interna, nenhum prejuízo à política externa brasileira.
"[A crise] não tem atrapalhado
em nada a nossa política externa.
Acho que a nossa política externa
continua igualmente ativa e colhendo os frutos que deve colher.
O que continuo sentindo é o que
havia antes, ou seja, a demanda de
Lula é maior que a oferta de Lula."
Ontem, Brasil e Guatemala assinaram acordos de cooperação em
saúde, educação e política. Os de
educação levam à Guatemala programas do governo FHC (1995-2002) mantidos na gestão petista.
Prioridades antigas do governo
Lula, como o Fome Zero e o Primeiro Emprego, ficaram de fora.
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