São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE

Principal jornal do país publica denúncias que envolvem políticos brasileiros e, segundo Celso Amorim, turbulência atrai curiosidade de chefes de Estado

Crise "acompanha" Lula na Guatemala

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DA GUATEMALA

A visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guatemala, ontem e hoje, não conseguiu afastar dele a crise política que se arrasta a quase quatro meses no Brasil. Ontem, o principal jornal guatemalteco dedicou uma página para resumir as últimas notícias em torno da turbulência política e as denúncias que envolvem o governo e o nome do presidente brasileiro.
Em seu caderno de notícias internacionais, o jornal "Prensa Libre" (Imprensa Livre) traz um resumo de reportagens publicadas no final de semana pela imprensa brasileira, como a entrevista dada à Folha pelo vice e ministro da Defesa, José Alencar, em que se diz pronto para assumir a Presidência após um eventual processo de impeachment de Lula, com o qual admite ter divergências na condução da política econômica.
Ao chegar à Guatemala, Lula foi recebido no Palácio Nacional, onde fez um discurso no encerramento da Conferência Latino-Americana Contra a Fome. Ele disse que sempre se emociona ao falar sobre o tema e destacou a importância da democracia.
"Não há nada melhor do que consolidarmos o processo democrático em nossos países", disse Lula, que participaria de um jantar com outros chefes de Estado.
Nesta semana, com as viagens de Lula à Guatemala e aos Estados Unidos (amanhã e quinta-feira), a expectativa do Planalto era que o presidente conseguisse uma folga em relação à crise, enfocada no presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Ontem, na Cidade da Guatemala, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), admitiu que a crise política brasileira atrai a curiosidade dos chefes de Estado de outros países. Mas afirmou, porém, que não há, por conta da turbulência interna, nenhum prejuízo à política externa brasileira. "[A crise] não tem atrapalhado em nada a nossa política externa. Acho que a nossa política externa continua igualmente ativa e colhendo os frutos que deve colher. O que continuo sentindo é o que havia antes, ou seja, a demanda de Lula é maior que a oferta de Lula."
Ontem, Brasil e Guatemala assinaram acordos de cooperação em saúde, educação e política. Os de educação levam à Guatemala programas do governo FHC (1995-2002) mantidos na gestão petista. Prioridades antigas do governo Lula, como o Fome Zero e o Primeiro Emprego, ficaram de fora.


Texto Anterior: Saiba mais: Filósofa é uma das principais ideólogas do PT
Próximo Texto: Na ONU, Lula volta a falar contra fome
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.