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Carta descreve cotidiano da colônia
da Agência Folha, em Belém
Cerca de 40 mil cartas que se encontram no Arquivo Público do
Pará lançam novas luzes sobre o
cotidiano da capitania hereditária
do Grão-Pará.
Seus autores são padres, comerciantes e líderes locais, que trocavam correspondência com o governo da capitania durante o século 18.
"Esse material é uma caixa preta
que, sendo desvendada, ajudará a
entender o que era viver na Amazônia durante o Brasil Colônia",
diz o diretor do arquivo, Geraldo
Mártires Coelho.
Cerca de 1.500 desses 40 mil documentos já foram microfilmados. Dois terços do material já recebeu verbetes que serão incluídos nos anais do arquivo.
O trabalho está sendo realizado
graças a um convênio entre Brasil
e Portugal. Uma cópia dos microfilmes irá para o Arquivo da Torre
do Tombo, em Portugal.
Entre as histórias que agora
aparecem, há a do homem comum, preocupado porque sua vila está sem padre, que pede permissão ao governo para benzê-la.
Há cartas que denunciam os
maus-tratos de um fazendeiro da
ilha do Marajó contra os índios.
Milhares de ofícios comunicam
a venda ou transporte de animais
selvagens como cobras, macacos,
tatus, tartarugas e onças. Até um
pedido de esmola foi feito por escrito e está no arquivo.
Elementos da formação da população local aparecem em cartas
relatando o casamento de índias
com soldados e as fugas de escravos índios e negros. A correspondência revela também uma greve
de catadores de cacau.
Segundo o professor da USP
(Universidade de São Paulo) István Jancsó, essas cartas podem
mostrar quais as principais diferenças entre a Capitania do Grão-Pará e as outras capitanias do Brasil Colônia. "O material é uma ótima fonte de comparação."
(LI)
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