São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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PESQUISA

Entre aqueles que levaram anotações para copiar na urna eletrônica, 26% obtiveram os números com outras pessoas

Dos eleitores, 72% usaram cola para votar

LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria absoluta dos eleitores (72%) utilizou uma cola com o número dos candidatos na votação do último domingo. Daqueles que se valeram desse recurso, nada menos que 26% obtiveram os números com terceiros.
É o que informa pesquisa do Datafolha realizada na sexta-feira, na qual foram ouvidas 3.979 pessoas em 241 cidades brasileiras. O levantamento indica que 27% dos eleitores disseram que decoraram os números dos candidatos nos quais iriam votar, e 1% do eleitorado não soube responder.
Entre os que levaram os números dos candidatos anotados para copiar no teclado na urna eletrônica, 12% declararam que tiveram esses números anotados por alguém que mora na casa do entrevistado, 8% obtiveram a anotação de alguém de fora de sua casa e 6% afirmaram que receberam os números anotados no próprio dia da votação -uma medida da importância relativa da boca-de-urna na definição da eleição.
Admitem o uso da cola no dia da eleição principalmente as mulheres (79% contra 65% dos homens), os menos escolarizados (78% contra 61% entre os de nível superior), os eleitores da região Sul (75%), os que moram em cidades do interior (73%) e os que afirmam ter votado em Anthony Garotinho (76%). Entre os que votaram em José Serra, 56% dizem que fizeram a cola pessoalmente. Daqueles que se declaram eleitores de Lula, 28% afirmam ter decorado os números.
A maioria dos eleitores que receberam a indicação dos candidatos feitas por terceiros é composta principalmente por mulheres acima de 45 anos e com o primeiro grau de instrução. E aqueles que obtiveram a cola no próprio dia da votação se concentram nos municípios do interior, na região Nordeste e em cidades entre 10 mil e 50 mil habitantes.

Dificuldades
A pesquisa do Datafolha também aferiu junto ao eleitorado qual foi o grau de dificuldade enfrentado para escolher seis candidatos no teclado da urna eletrônica. O resultado: o equipamento causou dificuldades na hora do voto para 10% dos entrevistados, sendo que 3% disseram que tiveram muita dificuldade para votar, e 7% declararam ter enfrentado um pouco de dificuldade para digitar o número dos candidatos.
Entre os restantes, 89% afirmaram que não tiveram dificuldades e 1% não soube responder.
Daqueles que tiveram muitas dificuldade para lidar com a urna eletrônica, a maioria era composta por mulheres, com 60 anos ou mais, com o primeiro grau e com renda de até cinco salários mínimos. O maior grau de dificuldade com o voto também foi detectado no Nordeste, no interior, em cidades com população entre 50 mil e 150 mil habitantes.
Também a maioria absoluta dos eleitores ouvidos pelo Datafolha afirmou ter enfrentado filas no dia da votação. Foram 70% das respostas positivas. Desses, 31% ficaram até 30 minutos na fila, 14%, de 30 minutos a uma hora, 15% permaneceram entre uma e duas horas, 7%, duas a três horas, e 3%, mais de três horas na fila.
A maior parte dos que afirmaram ter ficado na fila nas seções eleitorais reside no Sudeste, no Norte/Centro-Oeste do país, sobretudo nas regiões metropolitanas. A região Norte/Centro-Oeste também foi a campeã das pessoas que ficaram mais de três horas esperando para poder votar.
Está na região Sul, principalmente no interior, a maioria dos que declararam que não pegaram fila no último domingo.


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