São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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Disputa opõe 'negociador' a 'administrador'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quem comparar os programas de Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra poderá ter dificuldade em descobrir diferenças fundamentais entre as propostas, mas distinguirá com clareza os perfis com que os candidatos se apresentam aos eleitores -a disputa se dá, respectivamente, entre um negociador e um administrador.
O documento petista prega, logo na introdução, que o país precisa de um "novo contrato social". Lula e o PT, citados cada um apenas uma vez ao longo de 71 páginas, se propõem a articular pactos amplos para temas que vão dos direitos trabalhistas à política comercial.
Na linha paz e amor do marketing da campanha, o programa praticamente só traz diretrizes e conceitos a serem seguidos, normalmente acompanhados da palavra "social". Fala em inclusão, equilíbrio, responsabilidade, justiça, conteúdo e até infra-estrutura social.
Enquanto Lula trata dos pontos de partida, Serra prefere os de chegada. Seu programa é repleto de metas, números e projeções com precisão de duas casas depois da vírgula. São receitados "choques de eficiência" em todos os setores.
O nome do tucano é citado 144 vezes nas 74 páginas, associado a suas promessas e aos feitos como parlamentar e ministro. Fora esses casos, o governo FHC recebe breves menções em apenas sete páginas.
Os candidatos, é claro, procuram tirar partido das melhores qualidades que imaginam ter.
Lula seria o líder que conseguiu unir as alas de seu partido, amadureceu e incluiu em sua rede de alianças até inimigos do passado, como empresários e políticos conservadores.
Já Serra busca a imagem de político e economista experiente e obstinado, que aprendeu no Congresso e no ministério a lidar com orçamentos, a identificar e corrigir os problemas.
As qualidades, conforme a ótica, podem virar defeitos. Os adversários de Lula vão prever um governo hesitante, envolto em impasses; os de Serra enxergarão um viés personalista e tecnocrático numa eventual vitória tucana. (GUSTAVO PATÚ)


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