São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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Candidatos travam torneio de alianças

DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A semana foi marcada pelo esforço de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de José Serra (PSDB) para adensar as respectivas tropas, já mergulhadas na batalha do segundo turno. Travou-se um torneio de alianças e apoios.
A dança partidária produziu uma coreografia que reforça o estereótipo de que a política é o território da farsa. Aos poucos, o eleitor descobre que já não há inimizade que possa ser levada a sério. Serra, por exemplo, discou para Inocêncio Oliveira (PFL-PE). No íntimo, o despreza. Entre quatro paredes, o chama de fisiológico. Inocêncio já o havia apoiado. Trocou-o, porém, por um Ciro Gomes em fase áurea, com 27% nas pesquisas.
Foi insultado nos bastidores do comitê tucano. Na quarta-feira, trocava sorrisos e apertos de mão com Serra, em reunião do candidato com a pefelândia, na casa do vice-presidente Marco Maciel.
O tucano fechou a semana dividindo um palanque com Joaquim Roriz (PMDB-DF), enrolado em fitas cassetes que registram diálogos que manteve com grileiros de terras em Brasília.
Também Jorge Bornhausen (PFL-SC) se achegou a Serra. O mesmo Serra a quem acusara de abater, a golpes de "espionagem suja", o sonho presidencial de Roseana Sarney (PFL-MA).
Seguindo os passos do pai José Sarney, cujo governo o PT tachava de "corrupto", Roseana "lulou". Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o "oligarca", também lulou. Delfim Netto (PPB-SP), patrono "do arrocho salarial" da era militar, idem.
Leonel Brizola (PDT-RJ), a quem Lula deve o apelido de "sapo barbudo", reforça a trincheira do presidenciável petista. Hoje, um batráquio dócil, de barbas aparadas. Incapaz de repetir o raciocínio segundo o qual Brizola, para chegar à Presidência, "pisaria no pescoço da própria mãe".
O "ódio a Serra" empurrou para o colo de Lula o PTB de Roberto "tropa de choque de Collor" Jefferson e de José Carlos "empréstimos de PC Farias" Martinez. Questionados, os petistas repetem: "apoio não se recusa".
Itamar Franco que o diga. Na campanha de 1986, chamava Newton Cardoso de "ladrão". Três eleições depois, compunham a chapa que hoje governa Minas. Brigaram meses atrás. Reencontram-se na espaçosa arca de Lula, sob a bandeira "da paz e do amor". Os eleitores não perdem por esperar. Há muito por vir. Jader "Sudam" Barbalho (PMDB-PA) está prestes a anunciar o seu apoio a Serra. E Paulo "ilhas Jersey" Maluf pende para Lula. (JOSIAS DE SOUZA)


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