São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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Na última hora, governo beneficia Estados tucanos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao fazer um apelo para que os governadores entrassem em cena na última hora em busca de votos decisivos para aprovar a CPMF no Senado, o governo Lula também selecionou a dedo as bancadas dos Estados para direcionar verbas nos primeiros dez dias de dezembro.
O mapeamento dos recursos liberados pela União por meio das chamadas emendas de bancada ao Orçamento mostra que foram privilegiados Estados administrados pelo PSDB ou que têm senadores tucanos como expoentes.
O campeão nos primeiros dias do mês foi Pernambuco, Estado do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, com um montante empenhado (jargão orçamentário que significa compromisso de gastos) de R$ 40,7 milhões. Esse valor representa quase tudo o que o Estado recebeu por meio dessas emendas no ano: R$ 42,7 milhões.
As emendas de bancada são aquelas feitas em conjunto por deputados e senadores e, tradicionalmente, atendem a pedidos de grandes obras selecionadas pelo governador. Os dados foram coletados no Siafi (sistema de acompanhamento de gastos da União) pela assessoria de Orçamento do DEM.
O total liberado nos primeiros dez dias do mês, a título de emendas de bancada, foi de R$ 154,2 milhões. Em outubro, o valor total foi de R$ 123 milhões. O aumento no fluxo de liberação de verbas para bancadas já havia se intensificado em novembro: R$ 449,4 milhões.
Na seqüência do ranking de Estados, a segunda bancada beneficiada foi a de São Paulo -R$ 27,8 milhões-, cujo governador, José Serra (PSDB), esteve à frente das últimas negociações para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Foi de Serra a proposta de ampliar os repasses à Saúde, negociada diretamente com o Planalto.
A terceira no ranking foi a bancada da Paraíba, administrada pelo governador Cássio Cunha Lima (PSDB), que obteve R$ 19,5 milhões, defendeu a prorrogação da CPMF e pressionou para que Cícero Lucena (PB) votasse a favor. Depois vem Alagoas, com R$ 11,3 milhões, Estado chefiado por Teotônio Vilela Filho (PSDB). O governo pleiteia o voto do tucano João Tenório (AL).
A lista ainda mostra verbas para bancadas estratégicas, como Ceará (R$ 5,8 milhões) e Goiás (R$ 6 milhões).
A Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela administração de liberação de verbas, nega que seja "moeda de troca" para negociar votos no plenário.


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