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PREVIDÊNCIA
Ministro afirma que "prevalece a opinião do presidente" Lula
Berzoini recua e defende benefício especial a militar
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini (PT), recuou de proposta defendida há
apenas quatro dias e afirmou ontem que os militares terão um regime próprio de aposentadoria,
independentemente do sistema
único previdenciário que o novo
governo pretende criar.
Na última quinta-feira, o ministro havia declarado sua intenção
de criar um teto único de aposentadoria para trabalhadores da iniciativa privada e para servidores
públicos. Na ocasião, Berzoini
disse que os militares e os juízes
seriam incluídos na reforma.
Se prevalecesse um teto único
para todos os trabalhadores, os
militares, que se aposentam em
média com R$ 4.000, e os juízes,
com R$ 7.000, acompanhariam o
limite da iniciativa privada (R$
1.561). Segundo a assessoria do
ministro, na semana passada,
quando Berzoini deu as declarações à imprensa, não havia uma
"posição do governo". A posição
teria sido consolidada ontem.
"Eu sou ministro do presidente
Lula. O que prevalece é a opinião
do presidente", afirmou Berzoini.
A partir das primeiras declarações do ministro da Previdência,
os magistrados e os militares se
movimentaram para tentar assegurar seus privilégios. A ponte
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) foi feita por meio do
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu (PT) -que tem conversando sistematicamente com as
duas categorias.
Segundo a assessoria do ministro, o fato de o governo manter
um regime de aposentadoria especial para os militares não significa que o modelo atual não sofrerá alteração. Algumas propostas
serão apresentadas ao alto comando militar para tentar diminuir as despesas do governo federal com os inativos.
Para os juízes, que também gozam de prerrogativas do cargo,
ainda não há uma definição. Os
magistrados querem que o governo reconheça a especificidade de
algumas carreiras.
"Queremos que o governo reconheça que algumas carreiras são
muito específicas. Os militares,
por exemplo, têm uma vida devotada à profissão", disse o presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais), Paulo Sérgio Domingues.
No caso dos magistrados, segundo Domingues, a carreira é específica porque os juízes têm limitações funcionais. "Só pode ser
juiz ou dar aula, não pode se dedicar a mais nada."
Além da Ajufe, a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),
a Anamatra (Associação Nacional
dos Magistrados do Trabalho) e
os Juízes para a Democracia
-principais entidades da classe- defendem a possibilidade de
participarem das mesas de discussões sobre a reforma. "Estamos dispostos a discutir a Previdência e queremos participar dos
debates. Não se trata de privilégios da categoria e não temos uma
posição corporativa", disse Hugo
Melo, presidente da Anamatra.
Ontem, após participar da posse
do novo presidente da Infraero,
Carlos Wilson, o ministro José
Viegas (Defesa) defendeu o regime especial de aposentadoria para militares, mesmo após a criação de um regime único para servidores públicos e empregados da
iniciativa privada.
Segundo o ministro, "existe
uma especificidade no regime das
Forças Armadas. Os entendimentos são no sentido de determinar
essas especificidades". Hoje, os
militares e os juizes têm um sistema especial de aposentadoria, diferente do dos servidores. Viegas
e os comandantes da Marinha, da
Aeronáutica e do Exército se encontrarão com Berzoini amanhã
para discutir como os militares
serão tratados durante a reforma.
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