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GOVERNO PETISTA
Definição de cortes de despesas está prevista para fevereiro
Lula manterá gastos do Orçamento
JULIANNA SOFIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu sancionar o Orçamento de 2003 sem alterar as
grandes cifras definidas pelo Congresso. Os cortes de despesa deverão vir em fevereiro, quando o governo fixará o cronograma de
gastos até o final do ano.
Na sanção do Orçamento, Lula
mandará um claro sinal aos ministros: a prioridade dos gastos
será o combate à fome. A Folha
apurou que um eventual aumento de investimentos na área social
e a maior ou menor velocidade na
execução orçamentária serão administradas no dia-a-dia.
É a chamada administração na
"boca do caixa". A fórmula foi
adotada pelo governo FHC porque, na prática, dá total liberdade
para o Executivo mudar o que o
Legislativo aprovou. Lula optou
por esse caminho porque ainda
não tem decisão sobre o tamanho
de eventuais cortes de despesas e
porque deseja avaliar se as receitas extras que poderá obter lhe darão margem de manobra para aumentar os investimentos sociais.
A intenção de Lula é, pelo menos, preservar os recursos da área
social. O ministro da Fazenda,
Antonio Palocci, confirmou esse
desejo ontem, depois de duras declarações no fim de semana em
que enfatizou a necessidade de
cortes e classificou a equipe econômica de "equipe da tesoura".
"Não haverá constrangimento
dos investimentos sociais. Estamos otimistas com relação a isso", disse. Segundo o ministro,
"não há razão para começar o ano
apontando para cortes".
Até o dia 31 de janeiro, todos os
ministros deverão encaminhar ao
Ministério do Planejamento suas
prioridades no ano. A intenção é
preservar as atividades dos cortes.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, afirmou que
"não haverá mudança no Orçamento nos grandes números
aprovados pelo Congresso".
Mantega confirmou a manutenção dos cerca de R$ 2,5 bilhões para o Fome Zero. Ele disse que assinaria ontem o Orçamento e que,
no mais tardar, Lula o faria hoje.
Palocci afirmou que a sanção do
Orçamento será acompanhada de
um decreto no qual o governo fixará os gastos para este mês. Segundo ele, o decreto não trará
"muita novidade" porque a equipe econômica definirá apenas o
ordenamento de despesas para janeiro. O objetivo é evitar que os
ministérios façam gastos que possam comprometer a execução orçamentária ao longo do ano.
Arrecadação extra
Segundo Palocci, embora o governo não conte este ano com R$
18 bilhões em receitas extraordinárias obtidas em 2002, é possível
alcançar arrecadação extra.
Palocci declarou que deverá haver frustração na arrecadação da
Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) prevista pelo Congresso -R$ 10,7 bilhões. Apesar de estar autorizado
a elevar o valor da contribuição
para até R$ 0,86 por litro de gasolina, Lula decidiu não aumentar.
Por decreto, elevou de R$ 0,50 para R$ 0,54 o valor, mas o aumento
foi referente à parcela de PIS/Cofins embutida na contribuição.
Com isso, a arrecadação deste ano
pode cair R$ 2 bilhões.
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