São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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CONGRESSO

Partido busca forçar PT a se posicionar sobre eleição à presidência da Casa

PMDB quer antecipar nome ao Senado

RAQUEL ULHÔA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o PT decidiu jogar o peso do governo na eleição do deputado João Paulo Cunha (SP) para presidir a Câmara, a cúpula do PMDB resolveu medir forças com o Planalto e está tentando antecipar a indicação do candidato da sigla para presidir o Senado. Se tiver sucesso, a escolha pode ocorrer ainda nesta semana.
A idéia é transformar a candidatura do senador Renan Calheiros (AL), que tem o apoio da cúpula, em fato consumado. Restaria ao PT uma opção: apoiar o nome de Renan, se ele confirmar seu favoritismo na bancada, ou assumir publicamente que prefere José Sarney (AP) e o rompimento do acordo entre as duas siglas para as eleições das Mesas do Congresso.
Na Câmara, a candidatura de João Paulo enfrenta turbulência menor. Ainda assim o deputado anunciou um roteiro de visitas aos Estados e o reforço dos ministros na campanha. Nesta semana, ele irá a Minas e Pernambuco.
Os senadores peemedebistas estão sendo consultados pelo líder, Renan, sobre a possibilidade de a escolha ocorrer ainda nesta semana. "O PT já escolheu o candidato na Câmara. Se há um acordo com o PT, o PMDB deve apresentar logo o nome para o Senado", disse o presidente da Casa, senador Ramez Tebet (MS).
A Executiva Nacional do PMDB está convencida de que o PT trabalha por Sarney nos bastidores e busca pretextos para romper o acordo, pelo qual o PT apoiaria o candidato escolhido pelo PMDB no Senado e o PMDB, o candidato do PT na Câmara.
Formalmente, o acordo não foi rompido. Mas, na semana passada, o presidente nacional do PT, José Genoino, negou-se a assinar documento proposto pelo presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), reafirmando o compromisso.
"O acordo não será descumprido pelo PMDB. A bancada vai indicar o seu candidato e levá-lo ao plenário. Se o PT quiser, que descumpra o acordo. Mas terá que assumir isso", afirmou Renan.
Nas contas da cúpula, o líder ainda disporia da maioria dos votos da bancada. Mas a interferência do governo e os sinais de sua preferência por Sarney indicam que o quadro pode se alterar.
Para deixar claro que o PMDB insiste no acordo, o líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), decidiu ir ontem a um jantar oferecido por deputados da ala dissidente do partido a João Paulo.


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