São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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Garotinho parafraseia Lula ao falar sobre caso

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador Anthony Garotinho (PSB) negou que mantivesse uma relação de confiança com Rodrigo Silveirinha, seu ex-subsecretário de Administração Tributária. Ele se referiu ao auxiliar como "subsecretário do subsecretário do subsecretário", parafraseando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na campanha eleitoral, Robert Zoellick, o representante comercial dos EUA -cargo equivalente ao de ministro-, foi chamado de "sub do sub do sub" por Lula. Com isso, o petista evitou responder a uma afirmação de Zoellick de que, se o Brasil não negociasse a entrada na Alca, teria de comercializar com a Antártida.
Silveirinha é acusado de chefiar um esquema de corrupção em sua gestão (1999 a abril de 2002), responsável pelo envio ilegal de US$ 33,4 milhões a bancos suíços.
Ele trabalhava com Garotinho desde 1998. Foi subsecretário de Administração Tributária, coordenando a Inspetoria de Contribuintes de Grande Porte, que fiscalizava as 400 maiores empresas do Rio. Também foi coordenador econômico de Rosinha Matheus (PSB) na campanha ao governo do Rio. Eleita, ela nomeou Silveirinha presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial.
Anteontem, o ex-secretário de Fazenda de Garotinho, Carlos Antônio Sasse, disse que Silveirinha fora nomeado para a subsecretaria pelo próprio ex-governador. Garotinho negou, afirmando que foi Sasse quem o levou para trabalhar no governo.
Rosinha também criticou o ex-secretário. "Acho que seria muito mais bonito ele [Sasse] assumir que indicou pessoas erradas, por desconhecimento do que ficar negando e ficar querendo jogar lama no ventilador dos outros", disse.
Garotinho (PSB) defendeu a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa para apurar suposto esquema Silveirinha. Disse, porém, que a CPI deve investigar também os nove meses de Benedita da Silva (PT), que o sucedeu em abril do ano passado.
"Não tememos nenhuma investigação. Queremos que haja uma CPI para que sejam convocados todos os responsáveis, as empresas, os fiscais. Queremos que se apure tudo, inclusive a anistia da Coca-Cola",disse Garotinho, referindo-se ao cancelamento de multa de R$ 468 milhões contra a empresa de refrigerantes, autorizado no fim do governo Benedita.
O líder do PT na Assembléia Legislativa, Carlos Minc, disse que o suposto esquema de corrupção incluía também a Junta de Revisão Fiscal, que tem o poder de anular multas contra empresas.
Ontem, o "Diário Oficial" do Estado publicou nova lista de fiscais nomeados para a inspetoria, entre os quais Fernando Mário Godoy, Porfírio Corrêa Braga e Francisco Roberto da Cunha Gomes. Os três, segundo Minc, fariam parte do esquema Silverinha.


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