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JUDICIÁRIO
Para presidente do STF, reforma não trará rapidez
Corrêa pede mais recursos para aumentar agilidade da Justiça
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Maurício Corrêa, afirmou ontem que os projetos relacionados à reforma do Judiciário incluídos na convocação
extraordinária do Congresso não
vão tornar a Justiça mais rápida.
Em vez disso, o governo deveria
repassar mais dinheiro para os
tribunais e mudar a legislação
processual.
"É preciso que haja recursos para o Poder Judiciário. À medida
que temos recursos, sabemos administrar", afirmou Corrêa.
Em 2003, a equipe econômica
do governo promoveu um contingenciamento (bloqueio) de
62,5% dos recursos previstos no
Orçamento para a Justiça. "Não
há recursos, há poucas varas. Se
tiver dinheiro, é possível [agilizar]. Mas isso é uma questão da
administração judiciária", disse.
O secretário de Reforma do Judiciário, Sérgio Renault, disse que
Corrêa "tem razão" em suas críticas, mas isso não significa que o
governo dispõe de mais dinheiro
para a Justiça.
"O ministro Maurício Corrêa
está exercendo seu papel. Certamente, o Brasil precisa de um Poder Judiciário mais forte. O problema é que a quantidade de recursos é limitada. Qualquer ministério da área social tem o mesmo problema", afirmou Renault.
O secretário também concorda
com o magistrado na urgência de
reforma da legislação processual.
"Passa-se para a opinião pública a
idéia de que reforma do Judiciário
é a reforma constitucional de que
se fala [na convocação extraordinária]. O que precisa ser feito é a
reforma no processo civil e penal.
São esses é que atrasam o julgamento", disse Corrêa.
Para combater o problema, o
governo deve enviar ao menos
três projetos ao Congresso no primeiro semestre. O primeiro estabelece a mediação de conflitos e a
conciliação, para evitar disputas
judiciais. O segundo eliminaria a
execução nos processos civis,
simplificando o cumprimento da
sentença. O terceiro visa simplificar o número de recursos.
Convocação extraordinária
Corrêa sugeriu que pode acabar,
ele mesmo, adiando a votação de
alguns temas da reforma do Judiciário durante a convocação extraordinária do Congresso. O ministro foi convidado para uma audiência pública na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) do Senado, somente após a qual seria
votado qualquer assunto.
O detalhe é que Corrêa entra em
férias a partir de quinta-feira e só
retorna no dia 2 de fevereiro, a 11
dias do fim da convocação extraordinária.
"Estou aqui apenas até o dia 15.
Quando voltar, se chamado, irei
com o maior prazer", disse o presidente do STF.
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