São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Líder pefelista diz que Alckmin deve cobrar de seus aliados respeito a vice-prefeito; chefe da Casa Civil de SP afirma que críticas são "de amador"

Ataques a Kassab irritam PFL e PSDB pró-Serra

DA REPORTAGEM LOCAL

Pefelistas e tucanos criticaram ontem aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que apontam a possibilidade de o vice Gilberto Kassab (PFL) assumir a prefeitura como arma contra a candidatura do prefeito José Serra à Presidência da República.
Dizendo que Alckmin está enganado se acha que será o candidato tucano desqualificando Kassab, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), cobrou respeito: "O bom relacionamento de um presidenciável com o PFL requer de seus liderados um justo e respeitoso convívio com o vice-prefeito Gilberto Kassab, que tem a confiança e o apoio do partido".
O líder do partido teve o aval do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC): "Se o líder falou, está falado".
Na quinta-feira, o secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita, disse que o PSDB deveria refletir antes de Serra "abandonar" a cadeira, deixando três anos de mandato para outro partido. Já o deputado estadual tucano Milton Flávio afirmou que Kassab não tem a mesma competência de Serra, "sem falar no resto".
Ontem, Serra manifestou seu desconforto. A interlocutores lembrou que a indicação de Kassab foi abonada por Alckmin. Disse que o governador não tem estilo agressivo e que a falta de costume faz com que exagere na dose quando está no ataque.
Mas uma das mais duras críticas à estratégia atribuída a Alckmin partiu do próprio Palácio dos Bandeirantes. O chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, condenou os que apostam na "naturalidade" da candidatura Alckmin como argumento contra Serra.
Quanto às restrições a Kassab, Arnaldo Madeira foi enfático: "É declaração de amador. Kassab foi escolhido em comum acordo. Isso deveria ter ser dito na campanha. Não agora".
O deputado federal Sebastião Madeira (PSDB-MA), que esteve ontem com Serra, descreveu Alckmin como "aço revestido de veludo". O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), chamou o argumento de "descabido", "incorreto" e "inconseqüente". "Quer dizer que o PFL é bom para fazer aliança para governo, para a Presidência e para a prefeitura. Mas não serve para administrar?", perguntou Goldman.
Após solenidade em Santo Amaro (zona sul), Serra disse que "Kassab é um homem correto que tem cooperado muito com o trabalho da prefeitura".
O secretário municipal de Subprefeituras, Walter Feldman, disse que ação política exige "conteúdo racional". Por isso, "o político está desautorizado a fazer manifestações apaixonadas e impensadas porque isso gera instabilidade e, inclusive, conflitos com a própria sociedade".
Feldman disse que o vice "não pode ser tratado dessa maneira".
"Gabriel Chalita é um extraordinário secretário da Educação. Não tem se comportado nos últimos tempos como um porta-voz na área política. Então porque fazê-lo agora?", indagou.
Questionado por aliados, Alckmin repetiu o que tem dito: que é candidato a presidente e que tem um bom vice (Cláudio Lembo).
Procurado ontem pela Folha, Chalita fez questão de frisar, por meio de sua assessoria, que em nenhum momento criticou Kassab. Segundo a assessoria, o secretário de Educação de São Paulo apenas emitiu a opinião de que "Serra é um ótimo prefeito, faz uma excelente administração e ainda tem três anos pela frente para mostrar muito mais o que pode ser feito na cidade de São Paulo".


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