São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 2006

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Cúpula tucana prepara intervenção na disputa

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob orientação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o comando do PSDB se reúne, na semana que vem, para fixar critérios para a escolha do candidato do partido à Presidência. Os tucanos também pretendem cobrar dos postulantes o compromisso de apoio ao escolhido.
"Temos de agir para impor uma ação da direção. Não vamos deixar o partido ao léu. Temos de impor critérios. Não é nada pessoal", disse o governador de Minas, Aécio Neves, um freqüente interlocutor de FHC e também encarregado dessa articulação.
FHC deverá conversar com o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), até amanhã, quando viaja para o exterior. As conversas deverão acontecer em Brasília, com a convocação do Congresso.
A estratégia foi traçada na noite de anteontem, durante intensa agenda de reuniões, que incluiu a ida de aliados de Serra a São Paulo. Nelas, segundo contam tucanos, FHC teria admitido as dificuldades para que o governador Geraldo Alckmin viabilize sua candidatura à Presidência, especialmente a falta de tempo.
Como é cada vez mais forte a hipótese de o prefeito de São Paulo, José Serra, concorrer, FHC teria manifestado preocupação com o custo político da renúncia em São Paulo. Por isso, defendeu adoção de medidas para minimizá-lo.
No partido, a leitura é que só uma declaração de Alckmin seria capaz de aplacar os efeitos da renúncia no Estado. "O Serra vai ter de sair ungido", afirmou Aécio.
Segundo ele, o PSDB terá de pagar o preço se, até março, Alckmin não esboçar real chance de vitória. "Se Alckmin tiver condições efetivas de ganhar, o custo de ele disputar é muito menor. Se não, o PSDB vai pagar o custo."
Nas conversas, FHC ponderou que Alckmin está agindo dentro do limite, mas que, em 45 dias, a situação poderá sair do controle. Segundo interlocutores, o ex-presidente, em tom de brincadeira, disse que Serra só está calmo por causa de sua performance nas pesquisas.
FHC disse ainda estar preocupado com a falta de candidato natural em São Paulo e reconheceu não estar seguro de que Alckmin ficará no cargo até o fim do mandato se Serra for o escolhido.


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