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AVIAÇÃO
Empresa brasileira está também impedida pelos americanos de vender aviões civis a Teerã
EUA vetam negócios da Embraer com o Irã
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só a Venezuela que aparece na lista negra dos americanos
para venda de material militar
-e de itens que fazem parte deles, o que potencialmente inviabilizaria a venda de aviões ao país
vizinho pela Embraer. Esse também é o caso do Irã, a "bola da
vez" da diplomacia americana.
A principal empresa aeroespacial brasileira também está impedida de vender aviões -mesmo
civis- para o Irã, um país que
Washington coloca na lista dos
malvados ou malvadinhos que incluía o Iraque e ainda tem a Coréia do Norte como estrela.
O governo americano pode legalmente vetar exportações de
materiais "sensíveis" para países
por ele considerados idem. E isso
inclui a reexportação do material,
como um avião com um componente eletrônico americano.
Apesar de serem civis, os bem
sucedidos jatos regionais da Embraer têm tecnologia sofisticada,
parte dela "made in USA", que
podem ser consideradas "duais"
-capazes de uso civil e militar.
Logo, os EUA vetam a exportações dos aviões civis da Embraer
para o Irã, como agora parecem
fazer com aviões militares para a
Venezuela. As peças americanas
chegam no Brasil com um aviso:
não vendam a fulano ou a sicrano.
A política americana é de impedir toda e qualquer venda de material bélico para Hugo Chávez,
mesmo que seja de algo com pouco potencial ofensivo. Ironicamente, a compra de milhares de
fuzis, que poderiam ser repassados a milícias ou guerrilhas, é
mais ameaçador para o equilíbrio
regional do que os navios de patrulha costeira e aviões leves de
transporte encomendados à Espanha -que também criaram
polêmica-, ou do que os aviões
que viriam do Brasil.
Parte das pressões americanas é
de origem política, parte é disfarçadamente comercial. Também
foram contra a compra de um
desses mesmos aviões, o ALX Super Tucano, pela Colômbia.
Mas o Super Tucano, que a FAB
(Força Aérea Brasileira) está começando a usar na Amazônia, é o
avião ideal para a região, projetado para sobreviver ao hostil clima
equatorial sem prejudicar sua sofisticada eletrônica, e capaz tanto
de abater aviões da guerrilha narcotraficante como bombardear e
metralhar suas bases.
Já o AMX-T é uma versão mais
moderna e também adaptada para treinamento do avião de ataque
AMX, usado no Kosovo em 1999
pela força aérea italiana (e era o
menos sofisticado entre os aviões
usados então pela Otan).
Chávez quer comprar 12 AMX-T e 24 ALX Super Tucano. Nem
de longe afetariam o equilíbrio
militar na região, mesmo supondo que Venezuela e Colômbia
quisessem trocar tiros.
Recuo e avanço
Depois de informar aos interlocutores americanos que "não pode aceitar este tipo de coisa", o governo brasileiro disse ontem, ao
menos publicamente, que não irá
intervir na questão da pressão dos
EUA para que a Embraer não
venda aviões à Venezuela: "Estamos deixando a Embraer resolver
neste primeiro momento. Depois,
nós entramos", afirmou o assessor internacional da Presidência,
Marco Aurélio Garcia.
Já a Espanha anunciou ontem
que irá prosseguir com a venda de
12 aviões militares com partes
norte-americanas à Venezuela,
apesar da tentativa dos EUA de
impedirem o negócio.
O governo de George W. Bush
decidiu negar as licenças necessárias para construir os aviões que a
Espanha vendeu à Venezuela, disse a vice-primeira-ministra Maria
Teresa Fernandez de la Vega. Ela
diz que o governo espanhol não
concorda com a decisão dos EUA.
A opção para a Espanha será
substituir as partes norte-americanas por européias, o que acarretaria custos não calculados.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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