São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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PSDB cobra saída de chefe da Casa Civil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) defendeu ontem da tribuna a demissão do ministro José Dirceu (Casa Civil), por causa das denúncias de corrupção e tráfico de influência contra seu ex-assessor Waldomiro Diniz.
"Há necessidade, por razões de Estado, de que o José Dirceu seja demitido. Não posso dizer que ele está envolvido, mas perdeu a autoridade para ficar. (...) O cidadão [Waldomiro] era seu braço direito, morou com ele. Ou o presidente toma essa decisão, respeitando sua extraordinária biografia, ou essa biografia vai para o lixo."
Antero confirmou ter enviado as fitas que geraram a denúncia contra Waldomiro à Promotoria, após recebê-las, de forma anônima, há cerca de 15 ou 20 dias.
Já a liderança do PSDB na Câmara defendeu o afastamento de Dirceu até que sejam concluídas as investigações sobre o caso.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), saiu em defesa do ministro. "Não queiram arrastar o Dirceu para esse caso."
O PSDB no Senado já começou a colher assinaturas para instalar uma CPI. Antero foi o autor do requerimento da comissão. Simultaneamente, o Planalto iniciou operação para evitar que aliados apoiem. Os ministros Dirceu e Aldo Rebelo (Coordenação Política) ligaram para o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), preocupados com a posição do partido -o maior da base aliada no Senado.
Após as conversas, Renan telefonou a todos os senadores do partido pedindo que não assinem a CPI até que a bancada tome uma decisão conjunta. Ex-líder do PT no Senado, Tião Viana (AC) apóia a criação de uma CPI. "Nossa coerência nos impõe transparência."
Mesmo sem o PMDB, a oposição tem número para criar a CPI.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), achou insuficientes as medidas tomadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva -demitir Waldomiro e ordenar abertura de inquérito policial. "É uma atitude defensiva, para tentar controlar a investigação."
Virgílio apresentou requerimento pedindo ao Ministério da Justiça proteção a Waldomiro.
Já o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA), afirmou ser "inverossímil" a tese do presidente do PT, José Genoino, de que os tucanos tiveram envolvimento na gravação das imagens contra Waldomiro. Segundo o líder, se isso fosse verdade, o partido teria divulgado na campanha de 2002.
Para Jutahy, o caso é simbólico porque acabaria com a suposta imagem de inviolabilidade do PT em relação a casos de corrupção. "A "virgindade" do PT acabou."
O primeiro-secretário da Câmara, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), encaminhou requerimento pedindo os registros das ligações feitas por Waldomiro no governo.


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