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Assessor representava jogo no governo
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento ao Ministério
Público Federal em Brasília, empresários afirmam que Waldomiro Diniz, até ontem subchefe de
Assuntos Parlamentares da Presidência da República, representava os interesses "do jogo" no Congresso e no governo, além de ter
facilitado a entrada de Carlos Augusto Ramos, considerado o
maior bicheiro de Goiás, no mercado do jogo do Rio de Janeiro.
Ainda conforme os depoimentos, que agora serão conduzidos
pelo Ministério Público no Rio,
Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, teria monopolizado o jogo em Goiânia e ampliado seus negócios pelos Estados de
Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Dono de três casas de bingo em
Goiânia, o empresário Carlos Roberto Martins afirmou em seu depoimento que Waldomiro "passou a negociar com Cachoeira para que este entrasse no jogo do
Rio e com isso afastasse [Alejandro] Ortiz [empresário que comercializa máquinas de jogo,
conforme investigações da Polícia
Federal] ou criasse condições para subir percentuais pagos a título
de propina aos donos do jogo".
"Após ter se afastado da Loterj
[que presidia em 2002]", disse Roberto Martins em seu depoimento, "[Waldomiro] passou a defender os interesses de Ortiz no Congresso e no governo". A ação, segundo ele, "não se dá às claras, é
intermediada pelos contatos entre o dono do bingo da rua Augusta [em São Paulo] e presidente
da Abrabin [entidade que congrega empresários do setor], Olavo
Salles". Em nota, a Abrabin informa que seu interesse é "a regulamentação dos bingos no Brasil" e
que, "como qualquer entidade de
classe, mantém contatos com autoridades".
A Folha apurou que Waldomiro estaria trabalhando, no âmbito
do governo, pela definição de um
modelo de controle de máquinas
caça-níqueis no qual a cobrança
seria feita mediante a venda de
um selo, com valor indicativo de
R$ 100, para cada aparelho operar
durante um mês.
Hoje atuando no setor de informática em Brasília, o empresário
Messias Antonio Ribeiro Neto, o
segundo personagem que depôs,
contou aos procuradores que foi
sócio "de fato" de Cachoeira, que
o teria convidado, em 1995, para
comprar, por R$ 250 mil, participação na empresa Gerplan.
A Folha procurou a assessoria
de imprensa da Secretaria da Fazenda de Goiás, mas não obteve
resposta para esclarecer o contrato da secretaria com a Gerplan.
O presidente da Associação de
Bingos do Rio, José Renato Granado, citado em um dos depoimentos como laranja do empresário espanhol Alejandro Ortiz, disse, por meio de sua assessoria,
que não irá se pronunciar.
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