São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Em evento de comemoração dos 24 anos do PT, Genoino declara "confiança absoluta" em Dirceu, que é aplaudido

Em festa no Rio, Lula prega ética aos petistas

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, na festa de 24 anos do PT, no Rio, que o partido não pode errar no comportamento ético. Apesar de não ter feito referência explícita às suspeitas de corrupção divulgadas contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, a frase foi interpretada como um recado aos militantes.
"Não podemos errar na política, na orientação e no cumprimento de algumas coisas que são a marca registrada desse partido, como o comportamento ético e a lisura", afirmou Lula, interrompido por aplausos dos mil militantes que lotaram o salão nobre do hotel Glória (zona sul).
"O PT virou uma referência e, quando isso acontece, não temos o direito de fracassar", disse Lula.
Antes, o presidente do PT, José Genoino, defendeu o ministro José Dirceu (Casa Civil). "Ele merece a solidariedade e a confiança absoluta do partido", disse, com a voz embargada.
Num gesto de desagravo a Dirceu, os petistas que estavam no auditório bateram palmas e cantaram slogans do PT no momento em que o nome do ministro-chefe da Casa Civil foi anunciado. Dirceu não discursou na cerimônia e, abordado ao final por jornalistas, disse que não daria entrevistas.

Brilho ofuscado
As denúncias contra Waldomiro e uma pancadaria entre PMs e manifestantes na porta do hotel ofuscaram a festa. "Nosso ato tinha que ser assim, porque assim tem sido a história do PT. Não há um partido que tenha enfrentado tantas dificuldades para existir, para crescer e para conquistar a Presidência", afirmou Genoino.
Lula chegou às 17h30, de helicóptero, e acenou para os manifestantes. Menos de 15 minutos depois, policiais do Batalhão de Choque usaram cassetetes e bombas de efeito moral para conter uma manifestação, com cerca de 300 pessoas.
Havia dois grupos. Um de aproximadamente 50 petistas que carregavam faixas de apoio ao presidente Lula, e outro, com aproximadamente 250 pessoas, muitos carregando bandeiras do PDT. Esse grupo xingou o presidente e o PT de traidores.
A ação da PM, que começou depois de uma briga entre os manifestantes de grupos opostos, atingiu principalmente os petistas, que estavam à frente.
O estudante Mateus Aragão, 22, foi ferido na cabeça por um golpe de cassetete e teve de ser socorrido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Neto do poeta Ferreira Gullar, ele disse que foi ao hotel Glória para ver o presidente Lula, a quem apóia. Pelo menos outras duas pessoas ficaram feridas sem gravidade.

Monopólio
Dentro do hotel, a denúncia contra Waldomiro monopolizou as conversas a tal ponto que Genoino pediu aos jornalistas para falar sobre a festa.
O evento foi organizado pelo publicitário Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula. O petista disse que entrou em contato com o presidente do PMDB, Michel Temer, e com o ministro Eunício Oliveira (Comunicações) e que ambos afirmaram que o PMDB não tinha nada a ver com o ato.


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