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CONTAS PÚBLICAS
Novas medidas de contenção de gastos estão sendo acertadas na revisão do acordo entre governo e FMI
Corte adicional deverá chegar a R$ 3 bi
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O governo deverá anunciar
nos próximos
dias um corte de
pelo menos R$ 3
bilhões nas despesas deste ano
para cumprir as
metas incluídas na revisão do
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que será fechado até o final de março.
Segundo a Folha apurou, o corte
no Orçamento Geral da União ficará em torno de R$ 2 bilhões. As estatais deverão contribuir com uma
economia de R$ 1 bilhão em seus
gastos planejados para este ano,
especialmente na área de investimentos.
Nas negociações entre o ministro
Pedro Malan (Fazenda) e o vice-diretor-gerente do FMI, Stanley Fischer, o governo brasileiro se comprometeu em fazer um aperto fiscal adicional. Objetivo: compensar
o aumento dos gastos com a dívida
pública provocado pela desvalorização cambial e pela alta das taxas
de juros.
Malan e Fischer acertaram que a
meta de superávit primário (o que
o governo economiza para pagar
sua dívida) deveria subir de 2,6%
do PIB para algo entre 3% e 3,5%
do PIB (Produto Interno Bruto, a
soma das riquezas do país).
Para se atingir a nova meta, o esforço fiscal adicional ficará em cerca de R$ 4 bilhões. Além dos R$ 3
bilhões em cortes, o governo pretende adotar medidas para aumentar sua arrecadação em cerca
de R$ 1 bilhão.
Está descartada a elevação de impostos. A intenção é combater a
sonegação e brechas na legislação
utilizadas pelas empresas para fugir do pagamento de impostos.
O número final do superávit primário ainda está sendo negociado
com o FMI, mas deverá ficar próximo de 3,2% do PIB.
Na revisão do acordo, o governo
também está modificando sua estimativa para o comportamento da
economia neste ano. A recessão será bem mais profunda do que inicialmente previsto.
Antes, a equipe econômica avaliava em 1% a queda do PIB em 99.
Agora, as novas previsões apontam uma redução do PIB de 3,5%.
Isso significa aumento no nível de
desemprego, principalmente no
primeiro semestre deste ano.
Inflação: dois dígitos
Outro ponto do acordo com o
FMI que será modificado para pior
é a previsão de inflação neste ano.
Na versão anterior, a equipe econômica previa uma inflação de
apenas 2% em 99. A desvalorização cambial forçada, que já superou 50% até agora, fará com que a
inflação atinja os dois dígitos.
A Folha apurou que o governo
discute com o Fundo uma estimativa de que a inflação neste ano deverá ficar entre 12% e 15%. O número final, que constará no texto
revisado do novo acordo, será definido em Washington entre técnicos brasileiros e o FMI.
O crescimento da inflação, um
dado negativo para a economia do
país, terá, porém, um efeito positivo para o esforço fiscal do governo.
A inflação mais elevada diminuirá
o valor real das despesas pagas ao
longo do ano.
É o caso, por exemplo, dos gastos
da Previdência Social com o pagamento de aposentadorias e pensões. Como os benefícios são pagos nos dez primeiros dias úteis, o
valor real diminui ao longo do mês
e também do ano -nesse último
caso porque os benefícios só serão
reajustados em junho.
Diante do novo corte de gastos, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso já avisou aos seus ministros que alguns programas deverão ser paralisados para buscar o
equilíbrio das contas públicas.
Cortes: "Brasil em Ação"
Entre os programas que poderão
sofrer cortes está o "Brasil em
Ação", conjunto de projetos prioritários do governo. A intenção é
tentar preservar ao máximo os
programas sociais.
Alguns ministérios, segundo técnicos do governo, terão recursos
praticamente apenas para pagar
pessoal e despesas de manutenção.
O governo pretende ainda contar
com a ajuda dos Estados na busca
do equilíbrio das contas públicas,
apesar das pressões dos governadores para reduzir seus gastos com
o pagamento da dívida pública.
O governo deve manter a meta de
superávit primário nos Estados de
0,4% do PIB, a mesma do texto anterior.
A equipe econômica espera, porém, que esse resultado melhore
porque os governos estaduais terão de reduzir seus gastos com pessoal para se enquadrar na Lei Camata e isso ainda não está contabilizado.
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