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DOMINGUEIRA
Não leve a mal, hoje é Carnaval
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
O Oscar vem aí, e o Brasil mais
uma vez está competindo. Júbilo!
Já vejo a Globo escalando o Galvão Bueno para narrar a cerimônia. Vai que é tua Fernandona!
Pena que só o Walter Salles e a
Fernanda Montenegro entraram
na disputa. Por que não Malan,
Gustavo Franco, Chico Lopes e o
presidente superstar? E por que
não Itamar, o Forrest Gump das
Gerais?
Para o ministro da Fazenda, depois da entrevista coletiva com
Mr. Fischer, qualquer academia
concordaria com a estatueta de
melhor ator coadjuvante do FMI.
Gustavo Franco levaria fácil o
prêmio de efeitos especiais, pela
espetacular manutenção artificial do câmbio. Chico Lopes e sua
banda diagonal ficam com o melhor curta. Já o sr. presidente merece, com sobras, o Oscar de melhor roteiro original de ficção.
O Brasil, como dizem todos, está
uma loucura. Mas quem pode
ainda se diverte. Lembro-me de
uma antiga charge do Glauco. Algo assim: um iate cheio de figurões e ricaços se divertindo. Chega
o garçom meio bebum e avisa:
"Senhores, a crise é grave. Acabou
o gelo..."
Para uns acabou o gelo, para outros, a festa, para outros, ainda, o
emprego. Este ano a Quarta-Feira
de Cinzas caiu antes do Carnaval.
Itamar Franco proibiu o uso de
máscaras no Carnaval mineiro.
Suspeita-se que seja para evitar
que seu rosto apareça na folia. A
máscara de Itamar estava vendendo mais do que as de palhaço.
Não é um escândalo a caderneta
de poupança -que é onde os pobres e remediados tentam guardar um pouco do pouco que ganham- ter rendimento negativo? Quem tem mais coloca em
renda fixa e quem tem mesmo
deixa fora do país. Já o brasileiro
comum...
Salva-nos, nessa tempestade, o conhecido know-how para enfrentar crises (mais psicológico do que
técnico) e conforta-nos a eterna
esperança de que as coisas irão
melhorar. Está em circulação
uma futurologia relativamente
otimista, na linha do se fizermos o
dever de casa vai dar para passar
por média no final do ano.
É possível. Mas a idéia de que
Mr. Clinton, Mr. Fischer e Mr.
Mercado são amigos do Brasil é
infantil. A economia do país quebrou, todos tiraram seu dinheirinho, mas a repercussão do abalo
no sistema internacional foi mínima. Diziam por aqui que a Ásia
era um caso isolado. Não era. Mas
o Brasil parece ser.
A piada mais cruel e preconceituosa que ouvi sobre a crise diz
que ela tem um lado negativo e
outro positivo. O negativo é que
entramos pelo cano. O positivo é
que vamos acabar levando a Argentina junto.
A alegria da semana foi o gol de
Romário contra o Corinthians, no
último domingo. A "masterpiece", como disse Matinas Suzuki
Jr., permanecerá incólume em minhas cansadas retinas rubro-negras.
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