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Elites mineiras se rebelaram várias vezes
da Redação
As elites de Minas Gerais possuem uma longa tradição de conflitos com o governo central. Distante da costa e da fronteira, o Estado nunca concentrou grandes
contingentes militares, pois não
era objeto de invasões externas.
Essa débil presença militar favoreceu a formação de milícias locais, estreitamente ligadas aos proprietários rurais, que as usaram
em seus conflitos com o governo.
O primeiro confronto, sufocado
antes de sua eclosão, foi a Inconfidência Mineira, em 1789. Na época, a mineração do ouro entrara
em franco declínio, mas a Coroa
portuguesa, em crise financeira,
não queria abrir mão do recolhimento dos tributos anuais, fixados
em cem arrobas de ouro.
Diante da ameaça de uma derrama, com a cobrança de impostos
extras, mineradores e fazendeiros
articularam em 1788 um movimento de independência em relação a Portugal, mas foram denunciados e presos no ano seguinte.
O segundo confronto ocorreu no
início do reinado de d. Pedro 2º.
Na época, o governo era exercido
pelo Partido Liberal, especialmente forte em Minas e São Paulo, e
que reunia principalmente fazendeiros e profissionais liberais.
Em 1º de maio de 1842, porém, o
imperador destituiu o ministério,
provocando a rebelião dos liberais
de São Paulo, no dia 17, e de Minas,
no dia 10 de junho. As forças liberais são derrotadas pelo então barão de Caxias em Santa Luzia, em
20 de agosto. A paz definitiva, porém, só foi alcançada em 1844.
Durante a República, a elite mineira enfrentou o Executivo federal em duas ocasiões, nas duas vezes com êxito. A primeira foi em
1929, quando o presidente Washington Luís insistiu na candidatura de um paulista (Júlio Prestes)
para sua sucessão, rompendo um
acordo de alternância com Minas.
Impossibilitado de ser o candidato oficial à Presidência, o governador mineiro, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, articulou uma
chapa de oposição: ofereceu a candidatura à Presidência ao governador Getúlio Vargas, do Rio Grande
do Sul, e o lugar de vice ao governador João Pessoa, da Paraíba.
A chapa da oposição, denominada "Aliança Liberal", lançou um
programa político para atrair o
apoio das oligarquias não-cafeeiras e da classe média.
Depois da derrota de Vargas em
1º de março de 1930, os líderes da
Aliança Liberal articularam uma
conspiração, que ganhou força
após o assassinato de João Pessoa
em 26 de julho. A revolução estourou no dia 3 de outubro em Minas
e no Rio Grande do Sul. O presidente foi deposto e Vargas assumiu o poder em 3 de novembro.
O segundo confronto com o Executivo federal ocorreu em 1964. O
presidente João Goulart (PTB) enfrentava a oposição da UDN, liderada pelos governadores da Guanabara, Carlos Lacerda, e de Minas
Gerais, Magalhães Pinto.
O movimento para depor Goulart foi articulado por oficiais militares liderados por Castello Branco. Em 31 de março, Magalhães
Pinto anunciou um novo secretariado com nomes da UDN e do
PSD, que rompera com Goulart.
Em seguida, tropas do Exército
em Minas, comandadas pelos generais Olímpio Mourão Filho e
Carlos Guedes, marcham para o
Rio. Goulart viaja para Brasília, e,
sem apoio militar, exila-se no Uruguai. Com o apoio de Lacerda e
Magalhães Pinto, Castello Branco
assume o poder em 15 de abril.
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