São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2000


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EM BRASÍLIA
Senador foi citado na entrevista de Nicéa
ACM sugere ação de "prepostos" de FHC

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), sugeriu ontem que pessoas ligadas ao presidente Fernando Henrique Cardoso possam estar envolvidas num suposto complô que teria levado às denúncias formuladas contra ele pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta.
"Não acredito em participação do presidente Fernando Henrique Cardoso em tal baixeza, o que não isenta algum preposto menor", afirmou o senador, que revelou estar preparando a "reação necessária" para se vingar dos adversários políticos que supostamente teriam atuado nos bastidores do caso.
"Quero saber quem está por trás das denúncias porque os responsáveis não ficarão impunes", disse. Ontem, FHC telefonou para o senador, se solidarizando por causa do episódio.
Depois da conversa, ACM afirmou que o relacionamento entre eles passa por uma fase boa. Mas levantou a possibilidade de um complô contra ele movido por pessoas próximas ao presidente, principalmente por tucanos de São Paulo.
Advogados do presidente do Senado já preparam processo por calúnia contra Nicéa, que o acusou de ter pressionado o prefeito Celso Pitta (PTN) a pagar uma dívida da prefeitura com a empreiteira OAS, que tem como um dos sócios um ex-genro de ACM, César Matta Pires.
Para o senador, o processo contra a ex-primeira-dama não encerra o caso, já que ele a considera "uma insana e desajustada" e teria apenas sido usada por adversários políticos seus.
Segundo Nicéa, as pressões de ACM teriam sido feitas por intermédio do ex-senador Gilberto Miranda. Ontem, o presidente do Senado reafirmou que nunca fez pedido pela OAS a ninguém e evitou críticas a Miranda, que foi seu aliado político.
"Não vou negar que ele me foi útil. Veio para o meu partido e cabalou votos no baixo clero, ajudando minha eleição à presidência do Senado. Seria falta de caráter negar isso. Mas nunca pedi para que ele conversasse com Pitta sobre qualquer coisa."
O senador fez questão de mostrar "indignação" com o envolvimento de seu nome nas declarações de Nicéa Pitta.
"Tenho uma vida exemplar em relação à moralidade pública. Desafio qualquer pessoa a dizer que fiz solicitação para empresa privada, seja ela qual for. Mas o pior é misturar meu nome com o de pessoas de caráter duvidoso e de vereadores que receberam propinas. Isso me causa espanto, surpresa e indignação", afirmou.
"Tenho 40 anos de vida pública e ninguém pode apresentar qualquer prova contra a minha honestidade. Podem falar do meu temperamento, mas nunca de falta de honestidade. Esse é meu trunfo", disse.


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