|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PFL e PMDB pretendem evitar CPI
KENNEDY ALENCAR
da Reportagem Local
Se depender do Palácio do Planalto e dos partidos governistas,
especialmente do PMDB e do
PFL, não sairá uma nova CPI na
Câmara para investigar as acusações de Nicéa Pitta.
Enquanto o governo e os governistas trabalhavam ontem para
evitar a CPI, a oposição fechou
um acordo para que a comissão
seja mais abrangente e não investigue apenas precatórios, como
propôs originalmente o líder do
PDT, Miro Teixeira (RJ).
Um pedido de CPI mais abrangente deve enfrentar dificuldade
maior ainda para contar com a
simpatia dos partidos governistas, que já não desejavam uma comissão somente de precatórios.
O discurso do governo e de seus
líderes no Congresso é que, além
das declarações de Nicéa, deve ser
aguardado um ""fato novo" que
justifique a CPI.
Reservadamente, porém, admitem que a CPI não deve ser aprovada porque é difícil ter o controle
de uma investigação desse tipo,
sobretudo em um ano eleitoral.
Repetiram o raciocínio usado
nos escândalos de Collor e do Orçamento: todos sabem como começa uma CPI, mas ninguém sabe como ela termina.
O desinteresse do PMDB e do
PFL na comissão parlamentar de
inquérito se deve ao temor de que
membros seus sejam atingidos.
A Folha apurou que o PSDB
também prefere não nacionalizar
as declarações de Nicéa. Os tucanos desejam que o caso fique circunscrito a São Paulo, onde podem usá-lo para enfraquecer o
malufismo e tentar alavancar a
candidatura do vice-governador
Geraldo Alckmin a prefeito.
Uma CPI daria novo fôlego ao
caso de propina para pagamento
de precatórios no DNER (Departamento Nacional de Estradas e
Rodagem), revelado pela Folha
no ano passado. O DNER está subordinado ao ministro dos Transportes, o peemedebista Eliseu Padilha.
Apesar de o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) ter se
declarado ontem favorável à CPI,
há uma articulação contra ela na
bancada pefelista da Câmara, comandada por carlistas.
A orientação pefelista é não dar
os 257 votos necessários para que
um projeto de resolução de CPI
seja aprovado em regime de urgência. Só essa fórmula permite
criar uma CPI que fure a fila de
mais de dez pedidos de comissão
já aprovados e que aguardam instalação (a criação, na prática).
O presidente da Câmara, Michel
Temer (SP), já declarou que colocará em votação o projeto.
Segundo um líder governista,
incomodou o PFL o fato de a única citação de Nicéa sobre precatórios ter envolvido ACM. Ela acusou o presidente do Senado, Casa
na qual tramitava a CPI dos Precatórios, de pressionar o prefeito
Celso Pitta a pagar a empreiteira
OAS. O ex-genro de ACM é um
dos donos da OAS.
""O Senado já fez uma CPI sobre
precatórios. Uma CPI na Câmara
deveria sair só com fatos novos",
disse o ministro Aloysio Nunes
Ferreira (Secretaria Geral).
O ministro afirmou que as declarações de Nicéa não traziam fatos novos a respeito de precatórios. ""É inverossímil o que ela diz
do senador Antonio Carlos Magalhães", declarou Aloysio.
Líder do PMDB, Geddel Vieira
Lima (BA) também acha melhor
aguardar: ""Vou esperar um fato
novo que justifique o pedido".
O líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), rebate as opiniões de Geddel e de Aloysio.
Considera que há fatos novos nas
declarações de Nicéa, mas diz que
a Constituição não exige isso para
que seja criada uma CPI.
""Exige fato determinado, e a entrevista de Nicéa traz esses fatos",
diz o líder do PDT. O pedetista
afirmou que a renegociação da dívida da Prefeitura de São Paulo,
concluída após a CPI do Senado,
merece investigação, pois rolou
títulos públicos.
O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), lembrou que o caso de
propina no DNER aconteceu
após a CPI no Senado. ""Esse é um
dos fatos novos. Pode ser que o
governo e o PMDB não queiram
investigá-lo em uma nova CPI na
Câmara", disse Mercadante.
O petista afirmou que, além dos
precatórios, devem ser investigados os contratos de rolagem da
dívida paulista junto à União.
""Esses contratos e os efeitos deles
no Orçamento fazem uma ligação
federal que merece ser apurada
pela Câmara", disse Mercadante.
Texto Anterior: ACM sugere ação de "prepostos" de FHC Próximo Texto: Denúncia de irregularidades vai afetar rolagem de dívida Índice
|