São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo facilita investigação

DE WASHINGTON

Desde 1997, o governo brasileiro não precisa mais de cartas rogatórias para obter informações, nos EUA, que permitam auxiliar em investigações, inquéritos e processos no Brasil.
Naquele ano, Estados Unidos e Brasil assinaram o "Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Criminal", um instrumento que permite aos dois governos pedir informações sobre a movimentação de pessoas ou depósitos em contas bancárias.
Embora esse acordo só tenha sido ratificado pelo Congresso brasileiro no final do ano passado, seu "espírito" já vinha sendo invocado pelo Ministério da Justiça para requisitar, com sucesso, dados vitais em várias outras investigações importantes.
Na mais famosa delas, que envolveu o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o acordo (chamado nos EUA de "Mutual Legal Assistance in Criminal Matters") foi usado com sucesso: os EUA não só rastrearam os bens de Nicolau como também informaram ao governo brasileiro o saldo e a movimentação das contas do juiz nos EUA.
Apesar de sua eficácia, o acordo nunca foi usado para investigar o dossiê Caribe, seja para reforçar a versão de que ele é falso, seja para descobrir se há aspectos verdadeiros em seu conteúdo.

FBI
O governo brasileiro também também nunca pediu ajuda ao agente de plantão do FBI na embaixada norte-americana em Brasília. Por meio de um "acordo de cavalheiros" entre a PF e o FBI, o governo brasileiro poderia pedir informações sobre o patrimônio dos suspeitos nos EUA.
A única vez em que um pedido foi feito pelo governo brasileiro ao FBI foi em novembro de 98, quando Paulo Tarso Flecha de Lima, então embaixador do Brasil em Washington e hoje à frente da embaixada em Roma, encontrou-se com Greg Galagher, subdiretor da polícia norte-americana. Acompanhado de um diplomata, Flecha de Lima foi ao escritório de Galagher, em Washington, apresentar um pedido em nome do presidente brasileiro: investigar o dossiê e apurar o eventual envolvimento de FHC.
Dois meses depois, Flecha de Lima comentou com diplomatas que Galagher dissera que, após uma intensa investigação, não havia sido comprovada qualquer ligação de FHC com os documentos. Os diplomatas não viram resposta oficial nem obtiveram o relato desse desfecho de outra pessoa que não o embaixador Flecha de Lima.


Texto Anterior: Dossiê caribe: Governo retarda pedido de reabertura de investigação
Próximo Texto: Para o FBI, empresa ligada a Barros pagou a pastor em 98
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.