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DOSSIÊ CARIBE
Caio Fábio, um dos suspeitos no caso, teria recebido US$ 100 mil
Para o FBI, empresa ligada a
Barros pagou a pastor em 98
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigação do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, apontou que em 1998 o pastor presbiteriano Caio Fábio Santos D'Araujo
e o empresário Paulo Sérgio Rosa
receberam cada um US$ 100 mil
da Prestige Trading Group Ltd.,
uma empresa das Bahamas.
O FBI também apurou que o
fundador e principal dirigente da
Prestige é Oscar de Barros, suspeito de ter confeccionado e vendido
o dossiê Caribe a políticos de oposição durante as eleições presidenciais daquele mesmo ano.
Em prisão domiciliar nos EUA,
Barros está condenado pela tentativa de lavar dinheiro do narcotráfico. Sua sentença deve ser dada até o final de abril.
O dossiê Caribe é conjunto de
papéis de autenticidade não comprovada a respeito de supostas
contas no exterior de uma empresa que pertenceria ao presidente
Fernando Henrique Cardoso, ao
ministro Sérgio Motta (Comunicações) -morto em 1998-, ao
governador paulista Mário Covas
-morto na semana passada- e
ao ministro José Serra (Saúde).
Barros nega a autoria e a negociação do dossiê, mas em entrevista à Folha disse ter conhecido e
prestado serviços para Motta.
Ele sugeriu que teria um dossiê
verdadeiro e disse que o doleiro
brasileiro (Henry Goldmann) teria aberto a empresa CH, J & T
Inc., citada no dossiê Caribe como
pertencente aos líderes tucanos.
Papéis
Hoje, sabe-se que o conjunto de
papéis seria falso, mas que o dossiê teria um núcleo verdadeiro.
Esse núcleo seria composto de
dois documentos: a certidão que
atesta a existência da CH, J & T e o
documento que aponta Motta e
Ray Terrence como seus diretores. Não há prova de que a empresa seja de dirigentes tucanos.
Os pagamentos a Caio Fábio e a
Rosa conflitam com a versão de
Barros a respeito de seu papel no
episódio do dossiê Caribe.
Barros disse não ter nada a ver
com o dossiê. Segundo ele, uma
"turminha de Miami" teria falsificado os documentos, vendido-os
a políticos brasileiros e lucrado
especulando no mercado de dólar
e na compra de títulos.
Essa "turminha" seria composta pelo seu ex-sócio José Maria
Teixeira Ferraz (preso em Miami
sob acusação de lavar dinheiro do
narcotráfico), pelo empresário
brasileiro Luiz Cláudio Ferraz Silva, por Caio Fábio e por Rosa.
Os pagamentos da Prestige ao
pastor e a Rosa ligam Barros à
"turminha de Miami".
Os pagamentos foram descobertos por uma investigação do
FBI sobre corrupção de funcionários da Prefeitura de São Paulo.
Esses funcionários teriam sido subornados pela empresa norte-americana MetroRED, do grupo
norte-americano Fidelity.
A MetroRED instalou cabos de
fibras ópticas em São Paulo e em
outros centros urbanos no Brasil,
principalmente no Rio de Janeiro.
A Folha apurou que a Prestige
funcionou nas Bahamas de outubro de 1994 até janeiro passado,
registrada com o número 27089B.
Comissões
Rosa não foi localizado pela Folha. Em diversas conversas que
teve com o jornal, em dezembro,
Barros confirmou os pagamentos, mas disse que eles nada têm a
ver com o dossiê. Seriam "comissão" por um outro negócio.
Ontem, a Folha tentou ontem à
tarde falar com Caio Fábio por
meio de seu filho e de sua secretária, mas os telefones celulares de
ambos estavam desligados.
Em um primeiro telefonema
para o escritório do advogado de
Caio Fábio, Nilo Batista, a secretária informou que ele estava em
reunião. Quando a Folha voltou a
ligar, Batista já havia saído.
A secretária de Batista informou
que não estava autorizada a dar
um número de telefone em que o
pastor pudesse ser localizado.
Colaborou a Sucursal do Rio
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