São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2001

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Tucanos devem alegar negócios privados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Caso a prometida reabertura das investigações sobre o dossiê Caribe mostre que Sérgio Motta era diretor de empresa em paraíso fiscal, membros do governo pretendem dizer que não se tratava de uma sociedade da cúpula tucana, mas de negócios privados do ministro das Comunicações, que morreu em abril de 1998.
Um ministro, com o compromisso de não ter o nome revelado, disse que, se existirem movimentações financeiras e empresariais de Motta no exterior não declaradas à Receita Federal, seriam negócios particulares sem o conhecimento do presidente Fernando Henrique Cardoso.
No governo, há o temor, segundo tucanos, que algum doleiro ou empresário que tenha tido negócio com Motta possa ter guardado um segredo a respeito de uma operação financeira dele.
De acordo com esses tucanos, sempre se falou em ações de Motta no exterior, no tempo em que ele dirigia a Hidrobrasileira -empresa de engenharia.
Em entrevista à Folha, Oscar de Barros, brasileiro condenado em Miami por tentativa de lavagem de dinheiro do narcotráfico, disse que prestou serviços a Motta.
Ainda de acordo com Barros, o doleiro brasileiro Henry Goldmann, que estaria fora do país, segundo a Polícia Federal, também atuou para o ministro e tesoureiro de campanhas tucanas.
Goldmann teria aberto nas Bahamas a empresa CH, J & T, que existe, e teria aberto também supostas contas bancárias dessa empresa em paraísos fiscais. Barros afirmou que é verdadeiro o documento que apareceu no dossiê Caribe em 1998 mostrando Motta como um dos diretores da empresa. O outro seria Ray Terrence.
A Folha apurou que FHC disse a amigos de Motta e a auxiliares que não tinha conhecimento de todas atividades financeiras do antigo companheiro. FHC e o ministro das Comunicações eram amigos.
No governo, há quem se preocupe com o impacto nos familiares e amigos de Motta de uma versão que atribua ao ministro eventuais descobertas incômodas para a cúpula tucana. Argumento principal: um morto não teria como se defender.
(KENNEDY ALENCAR)


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